:: artigo
Por Andre Garça
E não demorou muito e a mídia tradicional já está em cima das festas, em busca de notícias. Parece que o fechamento do Rebouças e o trânsito caótico que o carioca está enfrentando, não tem sido suficientes para encher as páginas dos jornais.

No último sábado/domingo rolou a segunda edição carioca da rave Tribe, no espaço Happy Land, em Itaboraí. A semana já previa que seria um festão! Quase toda a cidade falava na Tribe e no sábado São Pedro resolveu colaborar; o dia lindo deixou as pessoas especialmente animadas! A noite chegou, a festa lotou e estava linda. Alguns dos headliners estavam programados para tocar durante o dia... Astrix, Sub6, D-Nox & Beckers... Com isso, grande parte do público só foi pra festa de manhã. Para muitos, a rave só começa com o dia amanhecendo!
O dia na festa foi quente, muito quente! O sol caprichou, mas a produção compareceu com a sombra. O centro do pistão tinha muita sombra, além de uma segunda pista coberta... Faz falta um ventilador?? Faz! Aspersão como teve no Chemical?? Faz! Mas a verdade é que tranceiro se contenta e se diverte com menos frescuras... menos infra. É uma coisa meio roots, né?! Tinha chuveiros e, a tarde, até rolou carro-pipa... Eu, com celular e câmera saio correndo, mas tem muita gente que se diverte!
Acho que a Tribe foi uma das melhores - e a mais cheia - raves desse ano. O clima estava ótimo, a vibe contagiante... Tinha muita gente linda, os bares funcionavam sem muita aglomeração, bom soundsystem... E sets animados pela manhã.
Mas nem todo mundo entende e gosta de ver um bando de jovens se jogando em um canto da cidade, ao som de música moderna, conceitos novos, novos paradigmas, e certos riscos... Talvez sejam os "certos riscos" que incomodam tanto a sociedade. Mas me lembro que no tempo da minhã mãe, minha avó, já existiam a maioria dos riscos que existem hoje, e ninguém dispensava uma bola de Universitário. Os tempos são outros, os problemas os mesmos. E a sociedade, hipócrita, como de costume.

Há 6 anos frequento a cena musical eletrônica ativamente e vejo o quanto a mesma se profissionalizou e popularizou. A festa estava lotada. E estava muito bem organizada também.
Na segunda-feira os jornais começaram a publicar notícias sobre a morte de um jovem de 17 anos na Tribe e 18 pessoas internadas. Hummm. Que chato! Isso é um problema, acho que todos concordamos, não?! Mas não dá pra continuar aturando o sensacionalismo da mídia tradicional, aliado a necessidade do Estado, dos orgãos competentes, de botarem a culpa em alguém antes que botem neles...

A culpa não é da produtora, não é da equipe de segurança.
Vamos aos fatos:
- havia muitos seguranças
- houve revista na entrada, pediam documentos
- havia centro médico, com algumas ambulâncias disponíveis
- houve divulgação correta, com informações claras sobre a faixa etária permitida
Então qual é o problema??
O problema é que um menino de 17 anos falsifica documento, mente pros pais. E outros 18 passam dos limites que deveriam estar bem claros para eles. Ou seja, é um problema social, que começa de dentro pra fora. De casa pra rua, do país para o povo.
Não adianta querer culpar alguém por morrer de overdose de drogas ou álcool, se o próprio país não consegue lidar com o problema. O Estado não tem controle do que entra e sai do país, do que se produz aqui. A polícia não tem efetivo e treinamento para enfrentar o tráfico, para vigiar a fronteira... E os pais me parecem tão alienados que não conseguem mais controlar e educar seus filhos. Tá tudo muito solto! Ah, e o álcool é lícito...

Quais seriam os limites, então?
O limite está em voce não precisar de ajuda pra viver, ficar em pé, manter-se acordado fora de casa, não incomodar o ambiente. Isso são limites. Não importa saber quantas tomou. Acho que o que importa é nao incomodar o coletivo. Não causar na sociedade, atrapalhar o trabalho dos outros, tornar-se uma pessoa inconveniente porque está sob efeito de alguma substância que deveria te deixar legal. E o pior, saber qual é seu limite e continuar se testando e causando todo esse transtorno social.
São limites universais, diria.
Não tem culpados nessa história. Culpados somos nós por não exigir menos hipocrisia de nossos governantes, de nosso país, do nosso mundo...
Já disse uma vez e vou repedir:
- Produtor não é babá, nem drug dealer.
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