28.5.04

TÁ NA HORA DE FAZER BARULHO

TÁ NA HORA DE FAZER BARULHO!
RioParade, Rio e festa oficial da RioParade
Andre Garça



A semana começou agitada com o adiamento da RioParade. Sem dar uma nova data pro público, a produção, em nota oficial, cancelou o evento que rolaria esse domingo, no Centro do Rio. Bafão! Só se falou nisso a semana toda. Muitas pessoas que estavam de viagem marcada para esse período, devido a parada eletrônica, ficaram sem saber o que fazer.

A pergunta que ficou no ar foi: Como um evento de tal porte é cancelado no última semana?

No ano passado, vários foram os problemas e na véspera da RioParade, muitas pessoas estavam desconfiadas. Mas o que se viu foi o centro da cidade tomado por pessoas de todas as tribos. Enfim ficou claro que independente dos motivos (ou de quem lucra), a parada é importante pra cidade e pra cena carioca. A visibilidade que esse tipo de evento alcança é absurda!

Mas o que aconteceu, então?

Acontece que estamos em ano eleitoral... Vivemos numa cidade que está nas mãos de um prefeito louco, que vive de factóides e uma governadora que até ontem, era dona de casa e, governa a cidade a base de programas de 1 real. No ano passado o palco foi montado na Cinelândia e tudo funcionou muito bem! Esse ano, os políticos estão de má vontade. Se você recebe o apoio de um, o outro vira a cara. Tudo por mais votos! Ou seja, fudeu geral e embargaram a festa... Seja por uma autorização aqui, um documento ali, será que os políticos não pensam na imagem da cidade? Que profissionais de m.....!

Mas nem tudo está perdido... E uma nova data para a RioParade é sugerida: 11 de Julho.

A informação é oficial, mas aguarda novamente a boa vontade do governo em agilizar todas as licenças. E tratando-se do Rio, os políticos são mestres em boicotar eventos de música eletrônica (a menos que você seja a Nokia!). É só pegar as raves como exemplo. O Rio tinha duas a cada final de semana. E agora? E abrir um club novo? Alguém consegue licença?

A cultura jovem está sendo esmagada e sofre com a imagem frágil de uma cena que implora por um movimento forte e organizado entre os produtores e profissionais do meio.

Chega de bairrismo; o Rio precisa do apoio nacional! A cidade é o destino de milhares de brasileiros e estrangeiros no verão e nos feriados. Se a cena começar a retroceder, o que farão? O sol se põe às 19h... A música eletrônica faz parte da cultura de uma geração e não pode ficar a mercê da boa vontade política ($$$). Cultura é um direito, não um favor atrelado a boa vontade política. Lembre disso em outubro próximo ao escolher seu candidato.

Está na hora de começar a fazer barulho!

*******


Nesse sábado, a festa oficial vai rolar na Fundição Progresso, como estava marcada... O line-up sofreu alterações, mas está bem representado pelos DJs cariocas, divididos em 3 pistas: house, techno/trance e deep/tech-house.
Apóie, participe, vá, se jogue!

Line-up oficial:

:: HOUSE FLOOR:
:: (vão central)


- Gallo (Zurich, Energy)
- A.J. Crypt (Zurich, Space)
- Rodrigo Moretti (Sao Paulo, Lov.e)
- Ana Paula (Rio de Janeiro, X-Demente)
- Jonas Rocha (Rio de Janeiro, Zoo Records)
- Cuti (Rio de Janeiro, RioParade)
- Fernando Braga (Rio de Janeiro, Ideal)
- Marcus Vinicius (Rio de Janeiro, B.I.T.C.H)


:: TECHNO/TRANCE FLOOR
:: (anfiteatro)


- Cor Fijneman (Amsterdam, Black Hole)
- Erik Cross (Amsterdam, MTV)
- Tim Taylor (London, Missile Records)
- Ricardo NS (Rio de Janeiro, Sygno)
- Marcelinho CIC (Rio de Janeiro)
- Digital X (Rio de Janeiro)
- MPA live (Rio de Janeiro)


:: DEEP/TECH-HOUSE FLOOR
:: (terraço)


- Cleon MacNack (Rotterdam, FFWD Parade)
- Cuti (Rio de Janeiro)
- Marcio Careca (Rio de Janeiro)
- Celso Badauê (Rio de Janeiro)
- Lypo (Rio de Janeiro)
- Jonas Rocha (Rio de Janeiro, Zoo Records)
- Rodrigo Moretti (Sao Paulo, Lov.e)

Sábado @ Fundição Progresso _ $30

A música não pode parar!
Cya!

25.5.04

RIOPARADE CANCELADA

RIOPARADE CANCELADA
COMUNICADO OFICIAL À IMPRENSA

(AG)


A Direção do Evento RioParade - que estava programado para acontecer no próximo dia 30 de maio, domingo, no Centro da Cidade do Rio de Janeiro - vem comunicar o ADIAMENTO do evento, devido a entraves burocráticos que não foram resolvidos em tempo hábil para a sua realização. Como exemplo, a proibição da montagem do palco na Cinelândia, comunicada aos organizadores na última sexta-feira (21 de maio), na parte da tarde, pela Câmara de Vereadores do Município do Rio de Janeiro.

Gostaríamos de salientar ainda que:

>> Este adiamento não teve suas raízes por falta de apoio do trade turístico, nem por questões de segurança pública, uma vez que todo o esquema de segurança já havia sido projetado e aprovado há muito tempo por todas as autoridades pertinentes.

>> As festas que precederiam a RioParade2004 não serão canceladas, uma vez que vários DJ¿s internacionais contratados para o evento já estão no país.

>> Lamentamos profundamente o adiamento, pois a cidade do Rio de Janeiro deixa de realizar um evento de grande repercussão internacional, bem sucedido e com belos propósitos - o lema da RioParade é ¿Amor, Paz e Tolerância¿.

Em breve informaremos a nova data de realização.

Direção RioParade

21.5.04

AMERICANISMO

CONEXÃO N.Y.
Paulo Grillo

AMERICANISMO



Semana passada, o sentimento de americanismo por aqui foi aos céus com a historia do americano decapitado. Impressionante como é a leitura de mundo de grande parte das pessoas que moram aqui. Muito comumente trata-se os Estados Unidos da América como uma pessoa, em frases meio absurdas, como a que li estampada em muitos jornais: "Essa não é a América". Colunistas respeitáveis daqui defendem arduamente um sentimento nacionalista, baseado em uma idéia de que os Estados Unidos tem um caráter essencialmente bom e libertador do resto do mundo. O que acontece de podre e que sai daqui parece que simplesmente é descartado, quando se diz "isso não representa os Estados Unidos". Assim foi, por exemplo, com as tais fotos dos soldados americanos torturando os prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib.

Claro que ha correntes dissidentes e que não concordam com essa simplificação do que é tão complicado como uma nação. Mas ha quem coloque a cara a tapa, principalmente as pessoas publicas, para vender uma idéia barata de Estados Unidos do bem. Vejo idéias estúpidas no Brasil, mas dessa linha, não me recordo de nenhuma.

Resumindo: o patriotismo daqui é bonito, claro, mas, às vezes, parece uma religião. E daquelas que cegam.

LULALÁ

Outra questão que se desenvolveu na semana passada foi à queda-de-braço entre o Lula e o chefe da sucursal do NY Times do Rio. Do lado daí, além desenvolvimento da historia, o mainstream, que cobriram os jornais, se colocou em discussão os hábitos do nosso presidente. Sei que estão rolando muitas piadinhas sobre isso, que paira no Planalto uma paranóia em torno dos copos que o presidente toma: nem mesmo água deixa de valer uma grande foto de primeira pagina. Houve também a bola levantada pela própria direção do NY Times que, ao se defender, colocou em cheque a liberdade de imprensa no país. Agora, do lado de cá, atentos, podíamos levantar, talvez, a mais relevante dessas questões: que diabos de ética na imprensa existe por aqui? A defesa do NY Times, para justificar a matéria grosseira que fez, foi pautar a questão por um lado que diminuía ainda mais o presidente. Tomaram as aspas do chamado líder mais importante do sindicalismo no país - berço do presidente - para criticá-lo. Tudo para levar a entender que mesmo a base eleitoral de Lula não estava satisfeita com o rumo que tomou o caso e com seu governo, de uma forma geral. Isso para um leitor americano. Para um brasileiro, essas aspas eram de um dos opositores do governo Lula hoje, o presidente da Forca Sindical Paulo Pereira da Silva. Mas isso o NY Times não disse.

Aí fica a pergunta: será que o NY Times só diz o que interessa a ele próprio? Faz jornalismo para seu próprio umbigo?

E CÁ PRA NÓS...

O NY Times é um jornal meio arcaico. Sabiam que o texto das matérias mais importantes começa na primeira pagina e continuam dentro do jornal? Não há chamadas na primeira página. O texto vai corrido e para se ler uma matéria de dentro precisa-se toda hora voltar à primeira pagina para não ficar perdido. É estranho, pouco pratico, podem acreditar.

MAIS CURIOSIDADES...

Pegando um atalho nessa linha de curiosidades, tenho uma que estou para contar há um tempo. Sem brincadeira, um em cada três comerciais da TV aberta americana é sobre remédios. Nada de moda, a indústria que parece ferver por aqui é a farmacêutica, bem diferente do Brasil.

E aqui entre a gente, não parece que tem a ver americanos e hipocondria?

PRA TERMINAR...

Nos comentários da penúltima coluna, um amigo perguntou sobre a discriminação dos imigrantes aqui. Se há? Ou não há? Como se comportam os americanos diante dos milhões de estrangeiros que vivem aqui? A pergunta que me fiz é como se comportam os nova-iorquinos (e não os americanos) em relação a nós?

O que me parece, é que, como a própria tradição da cidade sugere, Nova York recebe bem os cidadãos do resto do mundo, que vem para cá para trabalhar e montar casa, talvez, família. Não se pode esquecer que a cidade é um caldeirão de imigrantes e que em todo lugar daqui, há sotaques dos mais diferentes para o inglês, o que reflete bastante essa realidade de um monte de gente diferente falando, ou tentando falar, o mesmo idioma.

Para ficarmos em um exemplo, em uma volta que dei à noite pela cidade conheci gente do Afeganistão, Egito, Bangladesh, Polônia, México, Cuba, Coréia... Enfim, aqui há uma tradição enorme envolvendo a aceitação de imigrantes. A cidade é basicamente constituída a partir deles.

MAS...

Há fatos que podem restringir essa chamada 'aceitação', como, por exemplo, saber que a maioria destes estrangeiros ocupa os postos de trabalho ditos inferiores, por exemplo, atendentes, construtores civis, taxistas, entregadores de pizza... Aí sim, economicamente, podemos desconfiar que há segregação.

ÚLTIMA...

Não resisto a uma ultima curiosidade: Nova York foi comprada dos holandeses no século XVI por, acreditem, o equivalente a quarenta dólares. Não preciso dizer mais nada.

12.5.04

POR DENTRO DA MAÇÃ

CONEXÃO N.Y.
POR DENTRO DA MAÇÃ
Paulo Grillo



SEM TETO

Essa foi a melhor que me apareceu esta semana. Um estudante da Universidade de Nova York, a NYU, disse ter passado os últimos sete meses morando na biblioteca da faculdade. O nome do cara-de-pau é Steve Stanzak, que teve a coragem de posar para um jornal local com a cabeça recostada sobre uns livros e os olhos tapados com aqueles famosos "óculos de dormir" de avião. Ele contou como seu plano dava certo: a biblioteca funciona 24h por causa dos turnos variados dos alunos e é muito comum que se durma lendo. Ele disse que então foi moleza contornar a situação quando em duas ou três ocasiões (só!) seguranças o acordaram. Ele dizia: sou aluno e estou apenas estudando.

Sobre banho e roupas, o esquema, segundo ele, era tranqüilo. Tudo ele guardava em seus armários da faculdade e os banhos, às vezes tomava nos amigos, outras no banheiro da universidade. O cara só foi descoberto porque virou tema de reportagem em um jornal da faculdade. E também por causa de seu blog, que virou um sucesso. Uma pena que tiraram-no do ar. Mas Quem sabe o cara volta e a gente aprende como morar por aqui sem gastar um tostão.

COF! COF! COF!

Essa é outra história de uma solução criativa, mas vou logo avisando, vai deixar os fumantes nervosos. Imaginem que aqui o preço de um maço de cigarros passeia pela casa dos 5 dólares. É! Também dou umas tragadas e por isso fiquei chocado. É que os americanos, para acabar com o consumo de cigarros, resolveram apelar pra onde dói mais: o bolso dos clientes. Nada de consciência pesada, como tenta fazer o Brasil colocando fotos bizarras nos maços. Aqui o que se faz é taxar e sobretaxar os cigarritos de modo que, um maço que aí vc paga R$ 2,50, aqui sai por US$ 5. É o caso do Malboro. Agora, você que é brasileiro, multiplique esse valor por três... É pra parar de fumar mesmo! Palmas para o governo americano.

RUA

Aqui, a preferência em um cruzamento é sempre do pedestre. Isso significa que se você vai atravessar uma rua e um carro dobra nela, ele tem que parar e esperá-lo passar. É como se no Rio, os carros que viram da Visconde para a Farme tivessem que parar para que o povo passe. Demais, não?


TORPEDOS

> Britney Spears está para lançar aqui seu novo clip, da balada 'Everytime'. Nele, a musa pop revela toda a dificuldade que é ser o centro das atenções (?!) e simula um suicídio dentro de uma jacuzzi. O VH1 espinafrou. Mas a musica até que é bonitinha. É aquela que, segundo dizem, ela fez para o Justin. Bom, se for mesmo isso, a reputação do ex-n`sync então vai mal. É que no clip o par da moça a maltrata demais.

> Você já ouviu um rap meio funkeado, meio melódico do Usher, `Yeah`? É a maior sensação por aqui. Número 1 em todas as paradas, paradas de clips, o verdadeiro hit. Se não chegou, um dia desses chega aí. Mas prepare-se: vai grudar igual chiclete.

> Falando em hits, o novo da Beyoncé por aqui é Naughty Girl. Já tem até clip rolando. Quem quiser se antecipar, é a faixa 2 do CD.

> E não é que ela alcançou a fama internacional? Darlene criou moda por aqui. Suas sainhas, aquelas que todos já até chamam de `sainha Darlene`, vestem oito em cada dez manequins da Abercrombie & Fitch, um dos santuários do `cool`, aqui em NY. Falta só saber se as americanas têm recheio para preencher tanto babadinho.

> E já que toquei no assunto: aqui se faz anúncio de cirurgia plástica pelo rádio. O modelo ideal de bunda anunciado? Adivinhem? Não preciso nem dizer, né?