29.12.04

ENTREVISTA _ FÁBIO MONTEIRO

POR TRÁS DA CENA _ fábio monteiro
_ entrevista
_ Por Andre Garça


ELE É "O CARA" DA NOITE CARIOCA!


Fábio Monteiro é quase um mito na cena. Os mais novos olham com curiosidade. Os amigos o chamam de Fabinho. Por trás da figura calma, serena e misteriosa está um dos mais respeitados empresário de festas no Rio. Muitos se aproximam, poucos ficam. Os anos de noite o fizeram ser mais reservado... Sua casa é seu templo. Sua noite, suas festas.

Em 93, formado em Desenho Industrial e dono de uma confecção, Fábio Monteiro começou a fazer festas com sua amiga, Valéria Braga. Nascia ali a VALDEMENTE, ícone de uma geração. De lá pra cá, muita coisa mudou: a parceria acabou, brigas de egos, concorrência acirrada, novas locações, mudanças de djs... Mas uma coisa é certa: A X-Demente é hoje a principal festa de house que temos no Rio.

Sua pista é sempre animada, bonita, com várias turmas e muitas barbies. A "X" é referência internacional, fazendo festas históricas no final do ano e no carnaval. Já trouxe DJs renomados como: Paul Oakenfold, Peter Rauhofer, Billy Carrol, Tony Moran, Kimberly S., Brett Henrichsen, só para citar alguns.

Confira o bate-papo que tivemos com "O cara":


CC - QUAL FOI SUA MAIOR MOTIVAÇÃO PARA COMEÇAR A FAZER FESTAS?

Desde que fui morar sozinho, aos 19 anos, minha casa sempre foi uma festa todos os finais de semana. Isso antes mesmo de dar a minha primeira volta ao mundo, aos 20 anos, e ver o que acontecia lá fora. Quando voltei já estava com a cabeça aberta de vez e me guiando à partir de outras referências que não do mundinho aqui na época, onde ninguém podia ser visto entrando numa boite gay. No que chamam a VALDEMENTE zero, que foi o aniversário da Val na minha casa, contei de manhã 23 buracos de cigarro no carpete, além de receber um abaixo assinado cujo objetivo era a minha expulsão do prédio. Imagine como foi a ferveção!? Só para os curiosos, moro no mesmo endereço até hoje. Ainda me lembro quando acabou a bebida no meio da festa e sai com a Val no seu "dodjão" (Dodge). Naquela hora eu perguntei pra ela: "Vamos fazer uma outra festa em um lugar maior?". Foi assim que tudo começou...


CC - A VALDEMENTE COMEÇOU EM 93. 11 ANOS DEPOIS, O QUE MUDOU?

A VALDEMENTE, apesar da geração mais nova e atual talvez não saber, foi na época um marco em todos os sentidos: comportamento, atitudes, preconceito e influência na moda. Após muitas capas e entrevistas em jornais, o underground - e o que hoje também é considerado gay - chegou as beiras de virar mainstream. A ValDemente durou dois anos e meio. Onze anos depois (apesar de meio tímido, vou falar): a cena hoje, principalmente no Rio, é muito mais livre e menos preconceituosa e, os antes considerados meio que outsiders, são não só mais aceitos, mas respeitados pelo estilo de vida. Falando tecnicamente, a festa é outra história! A tecnologia junto com a minha exigência cresceu em termos de luz, som, decoração, técnica e etc. Fico feliz em ver essa garotada nova que chega na festa pela primeira vez, aos 20 anos, e se surpreende muito ao encontrar esse "prato" já pronto para se deleitar. Agradeço ao Cena Carioca a oportunidade de falar sobre esse background para que essa historia não fique perdida no tempo.


CC - VOCÊ AINDA FALA COM A VALÉRIA BRAGA?

A última vez que vi a Val foi na minha festa há uns três anos. Ela é uma pessoa doce e querida, mas infelizmente ela era o carro chefe na época (até porque eu não gostava de aparecer e sim de produzir) e não conseguiu segurar a onda do assédio. Não temos mágoas. Pelo pouco que sei ela mora em fortaleza com seu bofe e não quer saber mais do passado.


CC - QUAL O SEGREDO DO SUCESSO? O QUE A X TEM QUE AS OUTRAS FESTAS NÃO TÊM?

É obvio que segredo é segredo!!! Mais pelo que me conheço, peco pelo capricho, além de ser eu mesmo quem cria os cenários, e estimulo a equipe a usar novos equipamentos, além de driblar a concorrência (o que já estou acostumado faz tempo). Posso contar apenas parte do segredo: É não ser egocêntrico e respeitar o gosto do que é novo, mesmo que as vezes você não o tenha entendido. O público também manda.


CC - O QUE FALTA NA CENA NORTUNA DO RIO?

O que falta é toda essa mudança entrar na cabeça dos que "mandam no rio" (entendam como quiser). A beleza da cidade mais a beleza dos cariocas e seu jeito único de ser (olha que já viajei bastante), por incrível que pareça ainda passa desapercebido pelos que mandam nessa cidade. O Rio não deve nada - e porque não falar - até ensina muita coisa às metrópoles mais divertidas e conhecidas do mundo. Os mais antenados lá de fora têm o Rio marcado na sua agenda de viagens anualmente (sem exageros).


CC - QUAL A DIFERENÇA ENTRE A BARBIE DE HOJE E A DE ONTEM?

Barbie é coisa do passado. Isso era uma brincadeira entre amigos que foi descoberta pela imprensa em janeiro de 94. Mais se for para traduzir numa linguagem atual, quer dizer, é que o sentido é o mesmo. Ser homossexual não é ser bichinha nem rodar bolsinha. Pode ser coisa de homem mesmo! Quem quiser saber mais detalhes dessa época e outras coisitas, indico o livro "Babado Forte", da Érika Palomino.


CC - VOCÊ FREQUENTEMENTE TRAZ DJS INTERNACIONAIS PARA TOCAR NAS FESTAS. QUAL FOI A EXPERIENCIA MAIS BACANA E QUAL FOI O DJ QUE NÃO SUPEROU A EXPECTATIVA?

Por superstição, prefiro não falar de coisas negativas. Então respondendo a sua pergunta, quem me surpreendeu mais foi o Paul Oakenfold, que caiu nas minhas mãos de graça, por incrível que pareça, apesar de na época já ser o número 1 do mundo. Não sou tranceiro, mas ele arrebatou a multidão que dançou na Fundição até o meio dia. Até os que torciam o nariz eu vi lá.


CC - QUAL SEU CLUB CARIOCA PREFERIDO?

É chato ter que falar isso, mas para os que me conhecem não é surpresa. Saio pouco e gosto mesmo (fora as minhas festas) é de estar na casa de amigos e de um bom bate papo. Apesar disso, é óbvio que sei quem é quem e admiro o trabalho de alguns, que são poucos. Se for pra falar sobre isso só diria uma coisa: o que muda tudo é uma palavra que se chama atitude!


CC - HOUVE UMA TENTATIVA DE FAZER UMA NOITE SEMANAL DA X NUM CLUB, NO JOCKEY, MAS NÃO EMPLACOU. O QUE VOCÊ ACHA QUE SAIU ERRADO?

Naquela época eu andava meio nublado. Pra ganhar você também tem que saber apostar e saber a hora de recuar.


CC - A SUA FESTA TEM ALTERNADO ENTRE DUAS LOCAÇÕES INCRÍVEIS: FUNDIÇÃO PROGRESSO E MARINA DA GLÓRIA. QUAL O SEU PREFERIDO E POR QUÊ?

Amo os dois. Um é o inverso do outro. É como a noite e o dia. A diversidade agrada a todos.


CC - FALE UM POUCO DAS FESTAS QUE VÃO ROLAR NO REVEILLON (30/12 E 01/01). QUAIS AS NOVIDADES? DJS?

Tenho uma certa obsessão: gosto de surpreender sempre! Apesar de tudo ser feito tecnicamente, o resultado só se enxerga na hora. Pra mim quando está no ponto é quando eu sinto que as pessoas vão chegar e falar "ÓÓÓÓÓh!", o resto é marketing. Brincadeirinha, o que me motiva e me faz feliz é ver a felicidade do público na festa. Esse é o meu combustível desde sempre. Não costumamos falar tudo de uma vez... "We do it in drops"... Faz parte do show. Para os que quiserem saber em primeira mão, cadastrem-se no nosso site www.xdemente.com e receberão as informações via e-mail.


CC - QUER DAR UM RECADO PROS LEITORES DO SITE?

Essa pergunta é uma passada de bola tão grande que nem sei direito como responder.
O que me vem a cabeça agora é o que eu já disse antes: "Idéias" SEM ATITUDE são só idéias! Viemos ao mundo para sermos felizes, seja lá como for, mais sem esquecer o respeito... às vezes, temos que tolerar certos limites. Os limites mudam de tempos em tempos. Cabe a quem quiser, meter o pé na porta! E assim o mundo muda e gira.
Aproveitando a data: felicidades, atitudes e amor para todos!

18.12.04

DJ Alyson Calagna

DJ Alyson Calagna

Pela primeira vez no Brasil, convidada pelo produtor Orlando Capaluto: Alyson Calagna.

SUA CARREIRA

A paixão pela música começou bem cedo na vida de Alyson Calagna. Ela viveu parte da sua infância em Aberdeen, Escócia, quando embarcou inicialmente no mundo da "house music". O house music despertou algo, que a seduziu desde o primeiro contato com a música.

Quando completou 16 anos de idade, já vivendo em Lafayette, Louisiana, tiveram início suas chamadas para as pick-ups. Em pouco tempo, popularmente conhecida no meio da house music naquela cidade, tornava-se residente do Images Nightclub. Foi nessa época, que desenvolveu seu estilo pessoal no segmento da house music.

Em 1988, obteve o segundo lugar no Spin Off da DDK em Atlanta e acabou ganhando um assento na comissão de Bares e Clubs de Orlando.

Em Abril de 1999, foi à primeira colocada no Spin Off da WPOW 96.5 em Miami. O prêmio foi uma posição semanal no show de Radio chamado Hot Mix DJ, onde trabalhou com diversos DJ´s residentes de casas noturnas de Miami. Em seguida, decidiu voltar para Nova Orleans, sua cidade natal, onde fechou como residente no Club 735.

Depois de 1 ano no Club 735, a fama começou a espalhar pelo mundo do house music. Como resultado Alyson começava a receber convites de diversas casas noturnas da Costa Oeste. Isso era apenas o começo dessa carreira que a tornou um ícone da House Music.

As pistas que tremeram com Alyson incluem:

SALVATION (South Beach)
Eagle (Pittsburgh)
Fusion (Atlanta)
Crowbar (South Beach)
Heaven (Orlando)
Velvet Nation (WDC)
D.C.J Release (San Francisco)
Level (South Beach)
Mardi Gras (Nova Orleans)
White Party (Miami)
Gay Days at Disney (Orlando)
Blue Ball (Philadelphia)
Unity (Toronto)
Seattle Pride (Seattle)

Alyson também participou de circuitos tradicionais dos grandes eventos, tais como: Change of Seasons em Atlanta, Mascarado em Minesota, Decadence e Halloween em Nova Orleans e a mais tradicional das Festas White Party em Miami.

Alyson é atualmente muito cotado no Billboard e foi votada Up and Comming DJ para 2002 pela Circuit Party Insanity.

Sua reputação nas pistas é inquestionável. Suas técnicas de mixagem e looping são inigualáveis, criando um estilo muito pessoal. Ela também tem uma grande intuição, que a leva conectar-se com a pista e a atmosfera total as margens da pista. Tudo isso, numa mistura da destreza nas pick-ups e sutilezas nas dicas da iluminação.

De uma batida sexy e global até ritmos latinos picantes, esta famosa DJ continua galgando posições de destaque no circuito da House Music. Por onde passa deixa marcas inesquecíveis.

Alyson Calagna é atração da festa White Party, que rola da The Place, no dia 01|01|05.

Seu set merece atenção!


2.12.04

OUTONO EM NY

CONEXÃO N.Y.
Paulo Grillo


Outono em Nova York




Nova York é mesmo a cidade para quem gosta de moda. Em parte porque é uma metrópole, com todas as relações complexas de uma cidade assim, mas também por causa de seu clima. Aqui as estações do ano são bem definidas, de modo que vc vai ter que adaptar o guarda-roupa à época do ano. Não é como no Rio, quando você tirou a sua camisa regata da gaveta num dia de inverno.

Aqui estamos no outono, que é a preparação para o inverno. Em setembro, o calor que fazia começou a dissipar e é interessante porque sabemos que pelo menos nos próximos seis meses não vai haver sequer um dia como os de julho. As roupas do verão vão ficar intactas no armário, e todo mundo vai sair pra comprar um casaco novo, ou um cachecol diferente. É uma lógica que determina uma noção diferente para o sentido da moda, das coleções outono/inverno; primavera/verão - coisa que a gente não entende muito bem se não tem a experiência de viver as quatro estações em um país de clima temperado.

Em Nova York, alem dessa noção de "troca sazonal de guarda-roupa" a gente soma um pouco da sofisticação do povo. A lógica da moda no Rio segue o esquema do clima tropical, corpos malhados, corpos em evidência, decotes, cavados, sunga, biquini, em qualquer momento, em qualquer lugar. A classe média de Nova York no verão passeia nessa área dos decotes (em qualquer dos gêneros), mas no outono/inverno o povo se transveste no vintage, que é uma moda baseada naquilo que parece antigo, surrado, meio velhinho, mas que, não se engane, bem combinado é um charme só. A cara de Nova York no outono.

Um dos pontos altos do vintage são os suéteres em tons pastéis/escuros, combinados com uma camisa quadriculada de botão por baixo, que você só vê a gola, que fica pra fora. Os suéteres geralmente são de linha e se estiver frio, por cima disso tudo vai um casaco de botão, aqueles de lã dura, e talvez um cachecol, que pode ser usado de cinquenta maneiras diferentes.

Aqui há que se tomar alguns cuidados na escolha do figurino, porque não vai ser como no Rio que com a roupa que você saiu, você vai ficar. Antes de escolher a roupa, pensamos no indoor e no outdoor. Aquela jaqueta de couro linda que vc comprou, por exemplo, não vai ficar no seu corpo dentro de uma boate, por exemplo. Na rua, além dela, você vai estar usando um sueter, ou uma camisa de lã, porque vai estar muito frio. E dentro da boate, aquela quantidade de roupa vai te pesar demais. Pense então em estar bem vestido tanto outdoor, como indoor. Não jogue todas as suas fichas na jaqueta maravilhosa que comprou. Não pense que aquela blusa surradinha que botou por baixo não vai aparecer. E não se esqueça de sempre levar um dinheirinho extra para deixar suas tralhas no coat-check.

O cachecol é um acessório e tanto nessa época do ano. Outdoor você pode enrolá-lo no pescoço de modo que a sua garganta vai ficar protegida, porque nessa época do ano a gente fica bem mais resfriada. Dentro dos restaurantes, boates, você pode usá-lo jogadão, para combinar com seu cinto, sapato. Muita gente abusa da cor nos cachecóis, o que é super in, desde que não esteja vestido com cores berrantes. Aliás, se puder evitar as cores berrantes no outono/inverno, o faça. A iluminação é fraca, difusa, fazendo com que você não faça parte da paisagem fria, fica feio. Também não é que aqui todo mundo usa preto e só. Claro que não, a gente vê muitas cores, mas todas bem combinadas entre o claro e o escuro. As berrantes, nos acessórios. Como a tal pulseira amarela do Lance Armstrong, super na moda por aqui.

Como eu disse, o outono é apenas o ensaio do inverno, de modo que quando chegar dezembro e janeiro a lógica da moda vai ser ainda mais extrema. Pelas ruas eu já vi pessoas abusando dos pêlos e das botas meio esquimó. Mas como esse vai ser meu primeiro inverno por aqui, ainda não tenho respostas para dúvidas tipo se usamos essas botonas indoor, ou como funciona essa lógica do deixar a roupa no coat-check. Porque uma coisa eu sei: no inverno aqui, luva, gorro, botas, cachecóis, tudo isso é totalmente indispensável.