2.12.04

OUTONO EM NY

CONEXÃO N.Y.
Paulo Grillo


Outono em Nova York




Nova York é mesmo a cidade para quem gosta de moda. Em parte porque é uma metrópole, com todas as relações complexas de uma cidade assim, mas também por causa de seu clima. Aqui as estações do ano são bem definidas, de modo que vc vai ter que adaptar o guarda-roupa à época do ano. Não é como no Rio, quando você tirou a sua camisa regata da gaveta num dia de inverno.

Aqui estamos no outono, que é a preparação para o inverno. Em setembro, o calor que fazia começou a dissipar e é interessante porque sabemos que pelo menos nos próximos seis meses não vai haver sequer um dia como os de julho. As roupas do verão vão ficar intactas no armário, e todo mundo vai sair pra comprar um casaco novo, ou um cachecol diferente. É uma lógica que determina uma noção diferente para o sentido da moda, das coleções outono/inverno; primavera/verão - coisa que a gente não entende muito bem se não tem a experiência de viver as quatro estações em um país de clima temperado.

Em Nova York, alem dessa noção de "troca sazonal de guarda-roupa" a gente soma um pouco da sofisticação do povo. A lógica da moda no Rio segue o esquema do clima tropical, corpos malhados, corpos em evidência, decotes, cavados, sunga, biquini, em qualquer momento, em qualquer lugar. A classe média de Nova York no verão passeia nessa área dos decotes (em qualquer dos gêneros), mas no outono/inverno o povo se transveste no vintage, que é uma moda baseada naquilo que parece antigo, surrado, meio velhinho, mas que, não se engane, bem combinado é um charme só. A cara de Nova York no outono.

Um dos pontos altos do vintage são os suéteres em tons pastéis/escuros, combinados com uma camisa quadriculada de botão por baixo, que você só vê a gola, que fica pra fora. Os suéteres geralmente são de linha e se estiver frio, por cima disso tudo vai um casaco de botão, aqueles de lã dura, e talvez um cachecol, que pode ser usado de cinquenta maneiras diferentes.

Aqui há que se tomar alguns cuidados na escolha do figurino, porque não vai ser como no Rio que com a roupa que você saiu, você vai ficar. Antes de escolher a roupa, pensamos no indoor e no outdoor. Aquela jaqueta de couro linda que vc comprou, por exemplo, não vai ficar no seu corpo dentro de uma boate, por exemplo. Na rua, além dela, você vai estar usando um sueter, ou uma camisa de lã, porque vai estar muito frio. E dentro da boate, aquela quantidade de roupa vai te pesar demais. Pense então em estar bem vestido tanto outdoor, como indoor. Não jogue todas as suas fichas na jaqueta maravilhosa que comprou. Não pense que aquela blusa surradinha que botou por baixo não vai aparecer. E não se esqueça de sempre levar um dinheirinho extra para deixar suas tralhas no coat-check.

O cachecol é um acessório e tanto nessa época do ano. Outdoor você pode enrolá-lo no pescoço de modo que a sua garganta vai ficar protegida, porque nessa época do ano a gente fica bem mais resfriada. Dentro dos restaurantes, boates, você pode usá-lo jogadão, para combinar com seu cinto, sapato. Muita gente abusa da cor nos cachecóis, o que é super in, desde que não esteja vestido com cores berrantes. Aliás, se puder evitar as cores berrantes no outono/inverno, o faça. A iluminação é fraca, difusa, fazendo com que você não faça parte da paisagem fria, fica feio. Também não é que aqui todo mundo usa preto e só. Claro que não, a gente vê muitas cores, mas todas bem combinadas entre o claro e o escuro. As berrantes, nos acessórios. Como a tal pulseira amarela do Lance Armstrong, super na moda por aqui.

Como eu disse, o outono é apenas o ensaio do inverno, de modo que quando chegar dezembro e janeiro a lógica da moda vai ser ainda mais extrema. Pelas ruas eu já vi pessoas abusando dos pêlos e das botas meio esquimó. Mas como esse vai ser meu primeiro inverno por aqui, ainda não tenho respostas para dúvidas tipo se usamos essas botonas indoor, ou como funciona essa lógica do deixar a roupa no coat-check. Porque uma coisa eu sei: no inverno aqui, luva, gorro, botas, cachecóis, tudo isso é totalmente indispensável.

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