9.1.06

ENTREVISTA - MISS KITTIN

:: entrevista
MISS KITTIN
por Dado Marietti


Mais uma entrevista exclusivíssima para Cena Carioca!!! Miss Kittin (ou Caroline Hervé) contou para nosso colaborador, Dado Marietti, um pouco do que fez no Rio, sobre sua admiração pela cidade, Madonna, seu som mais pesado e até sobre fama. Sua apresentação em terras cariocas foi bem movimentada, causando tumulto na porta do Sky Lounge e gritaria na pistinha, conseguindo misturar playboys e patricinhas com as pessoas que fazem a cena da cidade. E de fato, that bitch beat us all with many hits.



DM: Seu estilo permeia por várias vertentes da música eletrônica, mas pelos seus últimos shows, seu som tem ficado mais pesado, puxando mais pro techno-acid, electro-techno. Como você descreveria seu estilo atualmente?

MK: Eu sempre toquei mais ou menos techno, você está certo. Mesmo antes de trabalhar com o The Hacker. Techno seria a base principal de tudo que eu toco, aliado aos diferentes tipos de influências. É difícil mesmo definir. Até porque eu toco muita coisa "old school", do tempo que eu ainda não era DJ. Então por eu não estar tocando naquela época, toco esses discos agora. É a minha vingança! Risos.


DM: Você definiu o Brasil como maravilhoso da primeira vez que veio ao país. Agora que você ficou quase uma semana no Rio, você pode conhecer melhor a cidade. O que você achou do Rio?

MK: O Rio, na verdade o Brasil, tem uma presença e uma espiritualidade muito forte. Eu senti muito isso dessa vez. Eu queria muito ter escalado o Corcovado, mas estava muito nublado. Eu amei olhar os garotos jogando futebol na praia, sempre tinha uma bola no ar. O Rio tem esse sentimento aconchegante de cidade praiana. Eu também amei a comida, o café. O Rio com certeza é uma das cidades mais bonitas que eu já vi. É de tirar o fôlego.


DM: O que você acha do estilo musical de artistas como a M.I.A., que estão fazendo sucesso no mundo inteiro com músicas que tem referência forte no funk carioca? E o que você acha desse estilo musical?

MK: Eu não sei muito sobre isso, mas eu acho que a M.I.A. é relacionado à cena Garage do Reino Unido. Você pode se sentir conectado a isso porque é basicamente hip-hop mixado com todos os tipos de raízes locais. No seu caso, a música folk-salsa brasileira. Para os britânicos já é Dance Jamaicano com ragga-reggae-Dub. E para outros pode ser música folk mexicana. Na verdade, por ser qualquer coisa. Eu tenho certeza que existe até uma versão japonesa disso no Japão! E quanto ao funk carioca, o som é interessante, novo e divertido. Mas eu soube que as letras são muito pesadas. Espero que eles não estejam falando mal das mulheres!


DM: Você declarou admiração a Madonna. Em que se baseia essa admiração? A música em si, a relação dela com a liberdade sexual, a própria imagem, o poder dela junto à imprensa? E você escutou o novo CD, "Confessions on a dance floor"?

MK: Não é bem uma admiração. Eu diria que é mais um enorme respeito pela quantidade de trabalho e disciplina que ela teve para chegar onde ela está e continuar lá. Afinal ela continua sendo a maior pop star viva. Mas eu não invejo sua vida, nem sua música. E quanto ao álbum novo eu ainda não escutei. Na verdade, escutei o primeiro single, que eu não gostei nem um pouco. Não curto muito Abba [Hung Up contém um sample da música "Gimme Gimme Gimme", do Abba]. Mas eu quero muito escutar o resto do álbum. Eu sou muito curiosa sobre o trabalho do Stuart Price [principal produtor do disco com Madonna].


DM: Eu sei que no seu tempo livre você gosta de ler. Lolita Pille, uma escritora francesa, assim como você, escreveu o livro "Hell", que eu acho que você deve ter lido. Se você leu, o que achou dele? Quanto você se identificou com o mundo que ela descreve, já que na música Frank Sinatra você relata uma realidade parecida?

MK: Verdade, eu li mesmo. Mas eu achei que foi uma versão adolescente e francesa de Bret Easton Ellis, com 10 anos de atraso. Uma coisa hype demais, eu não gostei. Além de que eu não achei que foi bem escrito. E eu, diferente de Hell, não vim de família rica, não tinha cartão de credito ilimitado para comprar na Dior e ficar louca de cocaína o tempo todo. E só pra constar, eu também não faço isso hoje em dia. Mas eu amo ler, sempre tenho um livro comigo. De todos os tipos, em inglês ou francês.


DM: E quanto a filmes, o que você tem visto e recomenda?

MK: "A Fantástica Fabrica de Chocolate" foi com certeza o melhor filme de 2005 pra mim. Eu assisto muito DVD também. Eu acabei de rever "O Rei da Baixaria", o filme sobre Howard Stern, o lendário DJ de rádio. É muito bom.


DM: Você disse uma vez que seu pai é mais interessado na Miss Kittin que na Caroline Hervé. Como você lida com o fato das pessoas colocarem a personagem Miss Kittin num pedestal? E como você acha que a fama afeta as pessoas ao seu redor?

MK: Eu não falo mais sobre a minha família. Meus pais são muito orgulhosos de mim, ponto. Eles também têm que lidar com parasitas devido ao que eu faço. Mas é ótimo ter um nome que separa o trabalho da sua vida pessoal. E se as pessoas mudam suas atitudes por causa do meu sucesso, é problema delas. Eu reconheço com muita facilidade quem tem interesse e quem não tem. Eu tenho uma família e amigos muito unidos que estão comigo há anos. Eles sabem quem são e eu não estaria aqui se não fosse por eles. O resto? Eu não me importo!



foto: Carol Novaes

site oficial: www.misskittin.com

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