: por Dado Marietti
: entrevista
Ela compõe todas as letras, canta e toca guitarra. Kook começou com bandas de punk e new wave no final dos 80, flertou com a cena do drum´n´bass e foi um dos primeiros DJs alemães de tech-house-electro. Depois de dez anos como DJ, começou a atuar como produtor, já tendo assinado remixes para Marc Almond e The Scandals. Produziu faixas do novo CD de Miss Yetti, "Insights", além do single "Lovely Loneliness".
O som feito pela dupla ultrapassa os rótulos mais comuns quando se fala de electro, como o escapismo oitentista ou o wannabe punk, buscando mais quebrar fronteiras em uma mistura de rock com bass lines, house e pop, electro que soa às vezes como groovy techno. Qualidade alemã e temperamento brasileiro.

DM: Roxxy, você é brasileira, mas de onde exatamente?
R: Eu nasci em Recife, Olinda. Mas moro aqui em Berlim há 12 anos. Talvez eu pudesse dizer que sou meio berlinense e meio olindense. Mas aqui só tenho amigos alemães, então só falo alemão. Não conheço nenhum brasileiro aqui. Às vezes até esqueço o português. Não sou o tipo de brasileiro que vive no exterior e só vive com brasileiros. Cortei laços, mas não deixo de ser brasileira.
DM: Porque você se mudou para a Alemanha?
R: Sou descendente de ingleses e italianos. E já nasceu em mim a vontade de ver o mundo. Primeiro fui para Londres. Queria ver as minhas raízes, de onde venho. Lá eu descobri muito sobre minha família, mas logo percebi que Londres era só uma "marca", um símbolo. A vida lá é difícil, além de caríssima. Os londrinos sofrem muito com apartamentos muito pequenos e aluguéis caríssimos. E na época todo mundo comentava que queria ir pra Berlim, então decidi visitar a cidade. Chegando aqui me senti que nem nordestino na avenida paulista. Deslumbrada! Senti-me em casa, uma coisa inexplicável. No mesmo dia decidi ficar e escrevi um cartão pra mainha e disse: "?Berlim: Vou morar aqui!".
DM: Como o projeto "Kook & Roxxy Bonie" começou?
R: Quando cheguei em Berlim eu só tinha ?500, e isso não é nada. Aluguei um apartamento e fui procurar emprego. Comecei a trabalhar num salão bem legal aonde sempre tocavam DJs. O salão era quase como um clube, pois o dia todo rolava música altíssima. E num desses dias chegou o Kook querendo que eu cortasse o cabelo dele pela metade do preço. Cortei e ficamos amigos. Um dia ele veio com a idéia de fazer música e me perguntou se eu queria cantar e escrever. E eu disse sim. Gravamos em um estúdio improvisado no quarto dele a música "Phanton Hichtheicker", que estourou aqui nas pistas. Com isso vieram os convites para tocar e uma coisa foi levando à outra. Quando paramos para pensar, a brincadeira tinha virado coisa séria. Então criamos a nossa label "Pale Music", que trouxe o primeiro vinil, o "Phanton Hitchheicker". Com esse vinil viajamos a Europa toda. Hoje somos símbolos de qualidade e de show puro show por aqui. E quem ainda não conhece nossa música já ouviu falar da gente. Nossos shows são lendários. O chato de não sermos tão populares no Brasil é que não podemos pedir hotel cinco estrelas e cachês de 10 mil dólares. Ah, e de ter uma bitch ao nosso lado! Rs.

K: A cena Electroclash em Berlim foi especialmente influenciada por muitos artistas que vieram pra cá. Se você for a clubes como o "Rio" ou "White Trash", quase não se fala alemão, só inglês. Além da gente, teve a Peaches, o Glamour To Kill, o Chicks On Speed. Todos morando em Berlim, pois é um lugar interessante, onde estilos diferentes se encontram. Mas eu pessoalmente vejo Berlim como a metrópole do Electro e Minimal Electro.
DM: E como é a cena eletrônica em Berlim agora?
KR: A cena aqui em Berlim nunca foi tão forte como hoje, mesmo com toda a tradição alemã em música eletrônica. Nesses últimos seis anos tudo está muito profissional. Os DJs são superstars e bandas novas estão sempre surgindo. Grande parte da cena eletrônica atual mora em Berlim, como o Hell, o Tiefschwartz, a Miss Kittin, a Peaches, citando alguns só. Mas nesses últimos três anos foi que a cena veio deixando de ser Electroclash e está caindo esses clichês de wanna be punk ou wanna be 80´s. Pessoas que eram parte desse movimento, e se mantêm nele estão tendo dificuldades em retornar com disco novo. Por isso não queremos cair num clichê, pois eles têm data de validade. A cena agora está se definindo numa nova era onde produtores quebram barreiras. Está acontecendo uma polarização do que é bom, mas não com necessidade. O importante é fazer o que te emociona.
DM: Roxxy, falando em Peaches, eu vi umas fotos suas com ela. Como é sua relação com ela? Amigas, mais que amigas?

DM: O novo álbum sai agora em maio, então o trabalho deve estar todo finalizado. Qual o título? Parece com o primeiro, ou é totalmente diferente? Qual o conceito?
KR: O álbum vai atrasar um mês, mas vai se chamar "Deutsch Brasilianisch Freundschaft" [Amizade Alemão-Brasileira]. Trabalhamos nove meses nesse álbum e nesse tempo nossa música amadureceu. O som é uma mistura de House, Electro e Pop. Um estilo de música que não tem igual, e que acreditamos que funciona nas pistas. Esse álbum foi mais trabalhado que o "Phanton Hitchheicker". É mais melódico, mais musical. Ele tem começo e fim. Até porque tivemos muito mais tempo para trabalhar nele. E o conceito? Stand up and dance motherfucker!!!
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