7.6.06

ENTREVISTA - DANGEROUSMUSE

DANGEROUS MUSE
: entrevista
: por Dado Marietti



Mike Furey (Vocal) e Tom Napack (Sintetizador) estão sendo considerados responsáveis pela volta da cena Electroclash nova-iorquina, que muitos consideraram ter acabado. Com o primeiro single, "The Rejection", eles alcançaram o topo das paradas, foram capa de revista e agora estão aqui no Cenacarioca numa entrevista mais que exclusiva feita por Dado Marietti.




DM: Vocês acabaram de filmar o primeiro vídeo da banda, que é para a música "The Rejection". Qual o conceito do vídeo? E quando ele será lançado?

MF: A gente tinha supostamente acabado de filmar, mas criamos uma parte nova que ainda nem foi filmada. Na verdade, você é a primeira pessoa com quem eu falo sobre isso. O vídeo agora vai ser divido em duas partes. A primeira, que já foi filmada, é a perfomance minha e do Tom, com fundo branco e fundo preto. A parte nova é uma história criada em cima do título dá música (A Rejeição). Uma garota que dá em cima de um garoto, que é gay. O garoto gay que dá em cima de um cara, que é hétero. O hétero que dá em cima de uma garota que é lésbica. E a lésbica que dá em cima de uma garota que é hétero. A intenção é mostrar a "rejeição" em diferentes cenários, em diferentes aspectos. E ele se der tudo certo, ele deve ser lançado em julho. [O vídeo terminou de ser filmado nesse último fim-de-semana.]


DM: A letra de "The Rejection" fala de rejeição. "Apart" fala sobre um amor que sofre com a distância. Mas o que fala a letra de "All Yours (Not The Doctor)"?

MF: "All Yours" é uma música que ironiza com expressões médicas, expressões profissionais, levando para uma conotação mais sexual. Como por exemplo, "Does it hurt when I push here?" (Dói quando eu aperto aqui?), que é uma expressão médica clássica que a gente levou para o lado sexual. É uma música cheia de duplo sentido.


DM: Em "Apart", além da distância eu entendo esse trecho:


"They don't feel how we do
And we can't change our hearts
For theirs, though times we want to

They don't think like we do
And we can't change their minds,
Though times, again we try to"

["Eles não sentem como a gente
E nós não podemos mudar nossos corações
Pelo deles, embora às vezes nós quisessemos

Eles não pensam como a gente
E nós não podemos mudar a cabeça deles,
Embora às vezes, de novo nós tentássemos"]


como um questionamento sobre as pessoas em geral julgarem e entenderem o amor pela associação de gêneros diferentes, e não por entenderem o amor pelo ser humano em si. Poderia ser?

MF: Linda interpretação. E sim, totalmente se aplica. É isso que eu gosto, das pessoas lendo minhas letras e tendo diversas interpretações sobre aquilo, surgindo até com novos significados. Fico muito feliz quando isso acontece. Obrigado mesmo.


DM: Como você e o Tom se conheceram?


MF: Eu e o Tom nos conhecemos num casting para o espetáculo "Tommy", baseado no The Who, e por acaso, nós tínhamos uma amiga em comum, na verdade ela é uma das minhas melhores amigas. Tom estava criando músicas com um sintetizador, e procurava alguém que escrevesse e cantasse músicas, e eu escrevia e cantava e procurava alguém que tivesse a tecnologia, então ela teve a idéia de unir a gente, e assim começou o Dangerous Muse.


DM: Vocês saíram na capa da 'The Advocate', a revista gay de maior vendagem nos Estados Unidos. Na capa eles se referem a vocês como "Hot Queer Beats". Eu li que vocês evitam rótulos como homossexual, heterossexual, bissexual. Então vocês seriam pessoas que gostam de pessoas, independente do que elas têm entre as pernas?

MF: É exatamente isso. A gente recebeu várias críticas por ter dito que não gostamos da chamada da capa. Mas não é que a gente negue o "queer" (gay), a gente nega os rótulos. O termo gay é muito carregado de características que estão ultrapassadas, velhas mesmo. Existem diversos tipos de homens que gostam de homens, homens que gostam de mulheres, homens que gostam de homens e mulheres, e vice-versa. O que eu não acho legal é rotular tantas personalidades diferentes, tantos estilos de vidas diferentes como uma coisa só.


DM: E o novo álbum, quando ele vai ser lançado? Vai ser outro EP? Qual o nome?

MF: O nome vai ser "Give Me Danger", que é o nome de uma das músicas novas, que provavelmente vai ser a primeira música de trabalho do novo álbum. Mas a gente está resolvendo sobre o lançamento agora. Ou a gente lança um outro EP, com cinco músicas, no final de agosto, início de setembro, ou a gente faz um álbum mesmo, com 10 músicas, que seria lançado em dezembro. Mas tanto um quanto o outro seriam nosso primeiro lançamento físico (O "The Rejection EP", primeiro álbum da banda, só está disponível para compra no formato digital), então eles terão duas músicas do primeiro CD, "Apart? e "The Rejection". A dúvida é que a gente não queria deixar o pessoal que curte a gente esperando tanto tempo, mas vamos ver o que vai acontecer.


DM: Você tem ficado muito tempo em L.A. ultimamente. Quais são as maiores diferenças da cena eletrônica de Nova Iorque e Los Angeles?

MF: Em Nova Iorque, você sai à noite, e você escuta basicamente Rock, Electroclash, Hip-Hop, e quem sabe um Pop chiclete. Em Los Angeles a cena é mais progressiva, mais ligada aos novos estilos, é tudo sempre muito novo.


DM: E você foi ao último Winter Music Conference, em Miami. Como foi?

MF: Foi legal, mas eu não acho que é um lugar muito bom para novos artistas. Mas foi um ótimo lugar para conhecer pessoas, trocar experiências. Com certeza foi válido por isso.


DM: Quais são as suas influências? O que você tem escutado agora?

MF: Acho que tudo me influencia. Eu sempre tento experimentar coisas novas, lugares novos, a diferença e a novidade me inspiram. E eu tenho escutado bastante coisa por agora. Vou te dar uma lista completa, e longa. Rs. Bauhaus, Daft Punk, David Bowie, Dirty Sanchez, Erasure, Madonna, Joy Division, Les Rythmes Digitales, M.I.A., Morissey, Notorious BIG, Phil Collins, The Rapture, Red Hot Chili Peppers e Royksopp.


DM: O que você gostaria que as pessoas soubessem sobre você ou sobre a banda que nunca te perguntaram?

MF: Nunca me perguntaram sobre o meu hobby. Mas eu faço esculturas com argila e cerâmicas. E eu amo desenhar. Eu tenho sentido muita falta de fazer isso porque não tenho tido tempo. E sobre a banda, é que a gente está envolvido em tudo. A gente cuida de todo material gráfico, eu fiz o site dangerousmuse.com, e até pouco tempo atrás nós éramos nosso próprio empresário e nosso relações públicas. Então não é só a música, nós estamos envolvidos em todo o processo.

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UM PEDACINHO DOS BASTIDORES DO NOVO VIDEO "THE REJECTION".




___dangerousmuse.com

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