24.7.08

NÃO SOU DO GUETO, TAMPOUCO DA ELITE. SOU DO MUNDO.

POLLYANA SIMÕES:
NÃO SOU DO GUETO, TAMPOUCO DA ELITE. SOU DO MUNDO.

: entrevista
: por Andre Garça


Hoje estréia novo projeto no 00.
O Cena Carioca foi conversar com Pollyana Simões, que a partir de agora é a musa da "Back Soul Funk", que tem como residente o DJ Marlboro.
Confira:

Depois de tanto tempo produzindo uma noite de house no 00. O que te fez parar e mudar o direcionamento? E por que black music?

A vida é uma constante mudança. Estamos o tempo inteiro vivendo mudanças. Gosto de arriscar, de ir na contra-mão do mundo. Olho também com os olhos de uma produtora que vê o mercado de música eletrônica um pouco desgastado, com muitas festas acontecendo ao mesmo tempo sem qualidade, sem público pra isso (tratando-se do Rio!). O black veio a partir do momento que me perguntei: "O que eu gosto?", "No que eu acredito???"; Dai veio isso. Mas não o black que as pessoas se referem hoje como o hip hop e o rap, mas sim o começo de tudo isso: O soul, o charm e o funk nascido nos guetos norte americanos nos anos 60, 70, 80. Foi um movimento muito forte, que influência até hoje a música.

Então você se considera uma menina de gueto? Suas raízes musicais vem da música black, festas de charm (anos atrás na Fundiçao Progresso), bailes e passinhos... ?

Não sou do gueto, tampouco sou da elite. Sou do mundo. Minhas raízes são uma mistura louca. Eu ouvia Billie Paul aos 4 anos de idade com meu pai. Ouvi muita música brasileira. Amo eletrônico. Vou ao botequim e batuco na caixa de fósforo, assim como vou bombar no underground. A mistura me atrai. Ser moderno é nao ter preconceito, é antes de mais nada estar aberto. O cara que curte só eletrônico está rotulado. Não tem nada de moderno. O mundo é grande, as opções infinitas...


E você acredita que sua pista, da Back Soul Funk, no 00, vai ser como? Vai ter essa mistura que você se diz se encaixar? Você está em busca de algum público específico?

Quero uma pista onde tem de tudo. Quero pessoas felizes dançando, se identificando, tendo lembranças, fazendo passinhos sem preconceito de gênero algum. Quero todo mundo que esta afim de ser feliz, sem carão! Acho que esse gênero musical atrai o carinha de 23 anos, assim como uma gata de 30 e um homem de 40. Quero um espaço onde pessoas cheias de diferenças, naquele momento se identifiquem de alguma forma, falando por instantes a mesma língua.

Na KZA você não acha que conseguia issso? Uma mistura de pessoas falando a mesma língua?

Acho que sim, mas de outra forma. Se falando de musica eletrônica, você não abrange tanto... Acho que essa nova proposta conseguirá reunir um público não tão específico. Ela fala a língua de muitas gerações. Quem gosta e entende de música vai entender. Levar o Marlboro que é uma cara que as pessoas associam imediatamente ao funk-carioca-popozuda pra fazer um outro estilo, gera curiosidade de todos os lados.

E de que estilo estamos falamos?

De soul, de charm, de funk.

E depois de tanto tempo fazendo noite de house, chegar agora, nesse momento, fazer uma noite de soul, charm e funk, com Marlboro, no 00... ainda dá um frio na barriga?

Sempre! O dia em que acabar o frio, acabou a graça! O frio na barriga é o que gera a vontade, o tesão de fazer bem pra cacete. Sou movida a paixão. E não existe paixão sem frio na barriga, não é mesmo???

Há possibilidade de ter algumas edições soltas da KZA, com Markinhos Meskita ainda de residente, em outros espaços?

A idéia existe, conversamos sobre isso. Na última edição da KZA vieram me pedir para fazer a "homeless", já que a KZA estava acabando... Isso ficou na minha cabeça; Quem sabe não acontece uma KZA para os HOMELESS????

Interessante.
Boa sorte ao novo projeto, e que ele seja tão ou mais longo quando foi a KZA.

17.7.08

entrevista bum

B.U.M. - BOA MÚSICA POR UM MUNDO MELHOR!
: entrevista
: por Flávia Berenhauser




O B.U.M foi criado em 1995 pelo DJ Péricles (falecido em 2001), Luciah, Artur, Halley Seidel e JJ Jonas.

O Movimento Brasileiro Underground (B.U.M), antes de tudo, é um grupo independente de DJ's e produtores de música eletrônica underground, com o intuito de divulgar a cultura eletrônica na Zona

Norte e na Baixada Fluminense. São inúmeros e diferentes trabalhos como: zines, festas, programas de rádio, CDs, além , é claro, dos eventos sociais. Nestes eventos, o grupo apresenta seus

principais DJs e integrantes, além de outros tops DJs do Brasil. Atualmente, o Movimento realiza um curso de DJ na instituição Casa do Menor, com infra estrutura sofisticada e inovadora.

JJ Jonas e Halley Seidel tocarão na próxima edição da Quebra Tudo, que faz uma justa homenagem a esse maravilhoso movimento chamado B.U.M.
Conheça um pouco mais desses DJs!



Como é sobreviver na cena underground, por quase 15 anos, com um Movimento independente?

Halley e JJ Jonas - Não é fácil, pois ser independente nesse país é ser idealista ou alienígena. A realidade brasileira é baseada no comercial e o que é underground nesse mercado tupiniquim, está basicamente envolvido com a cultura. Cultura e informação são palavras que incomoda nossos governantes e empresários.


Como vocês estão vendo essa mudança quase que radical no mercado fonográfico? Vinil ou CD?

Halley - O vinil anda muito bem obrigado, fora do país o mercado phonográfico (bolacha) tem seu mercado a toda. Eu tive a oportunidade de ver isso de perto durante minha tour. Lojas de utensílios vendendo vinil de todos os tipos e gostos. Enquanto ao CD, mídia ''piratiável'', tem suas vantagens, sim! Podemos tocar produções próprias através deles, pois a prensagem do (Vinil) é cara e extinta no Brasil. Em Berlin, por exemplo, 300 cópias (Vinil) chegam a 1500 euros. Fora da nossa realidade financeira! O cd por outro lado excitou o grande declínio do nosso mercado com a pirataria.


Depois de todos esses anos, o que fez com que vocês continuassem no "underground" e não migrar para o "comercial", como muitos fizeram? Idealismo ou bom gosto musical mesmo?

JJ Jonas - Como está especificados na pergunta, idealismo e bom gosto musical. Não vivemos de música underground eletrônico nesse país. Em algumas situações da pagar umas continhas, rsrsrs, mas sobreviver mesmo, está difícil! Nós estamos vivos até hoje por termos amor a causa!


Como andam as produções do selo B.U.M.?

Halley e JJ Jonas - Parado, por enquanto! Em breve teremos novidades!


Falando um pouco dos projetos sociais.Vocês sentem um crescente interesse da molecada pelas pick-ups?

Halley e JJ Jonas - Bem pelas pick-ups nem tanto, mais pelo CD, devido à influência de certos DJS e da mídia. Apensar que, nos cursos ministrados pelo B.U.M., sempre é focado que DJ que é DJ toca vinil! Enquanto ao social, estamos sempre ligados aos trabalhos voltados para a cultura, informação e integração social dos nossos jovens. Pois eles são o nosso futuro!

E para finalizar, mas nunca acabar, a dupla deixa um recado:

Halley e JJ Jonas - Não use drogas, use Música Eletrônica!