NÃO SOU DO GUETO, TAMPOUCO DA ELITE. SOU DO MUNDO.
: entrevista
: por Andre Garça
Hoje estréia novo projeto no 00.
O Cena Carioca foi conversar com Pollyana Simões, que a partir de agora é a musa da "Back Soul Funk", que tem como residente o DJ Marlboro.
Confira:
Depois de tanto tempo produzindo uma noite de house no 00. O que te fez parar e mudar o direcionamento? E por que black music?
A vida é uma constante mudança. Estamos o tempo inteiro vivendo mudanças. Gosto de arriscar, de ir na contra-mão do mundo. Olho também com os olhos de uma produtora que vê o mercado de música eletrônica um pouco desgastado, com muitas festas acontecendo ao mesmo tempo sem qualidade, sem público pra isso (tratando-se do Rio!). O black veio a partir do momento que me perguntei: "O que eu gosto?", "No que eu acredito???"; Dai veio isso. Mas não o black que as pessoas se referem hoje como o hip hop e o rap, mas sim o começo de tudo isso: O soul, o charm e o funk nascido nos guetos norte americanos nos anos 60, 70, 80. Foi um movimento muito forte, que influência até hoje a música.
Então você se considera uma menina de gueto? Suas raízes musicais vem da música black, festas de charm (anos atrás na Fundiçao Progresso), bailes e passinhos... ?
Não sou do gueto, tampouco sou da elite. Sou do mundo. Minhas raízes são uma mistura louca. Eu ouvia Billie Paul aos 4 anos de idade com meu pai. Ouvi muita música brasileira. Amo eletrônico. Vou ao botequim e batuco na caixa de fósforo, assim como vou bombar no underground. A mistura me atrai. Ser moderno é nao ter preconceito, é antes de mais nada estar aberto. O cara que curte só eletrônico está rotulado. Não tem nada de moderno. O mundo é grande, as opções infinitas...

Quero uma pista onde tem de tudo. Quero pessoas felizes dançando, se identificando, tendo lembranças, fazendo passinhos sem preconceito de gênero algum. Quero todo mundo que esta afim de ser feliz, sem carão! Acho que esse gênero musical atrai o carinha de 23 anos, assim como uma gata de 30 e um homem de 40. Quero um espaço onde pessoas cheias de diferenças, naquele momento se identifiquem de alguma forma, falando por instantes a mesma língua.
Na KZA você não acha que conseguia issso? Uma mistura de pessoas falando a mesma língua?
Acho que sim, mas de outra forma. Se falando de musica eletrônica, você não abrange tanto... Acho que essa nova proposta conseguirá reunir um público não tão específico. Ela fala a língua de muitas gerações. Quem gosta e entende de música vai entender. Levar o Marlboro que é uma cara que as pessoas associam imediatamente ao funk-carioca-popozuda pra fazer um outro estilo, gera curiosidade de todos os lados.
E de que estilo estamos falamos?
De soul, de charm, de funk.

Sempre! O dia em que acabar o frio, acabou a graça! O frio na barriga é o que gera a vontade, o tesão de fazer bem pra cacete. Sou movida a paixão. E não existe paixão sem frio na barriga, não é mesmo???
Há possibilidade de ter algumas edições soltas da KZA, com Markinhos Meskita ainda de residente, em outros espaços?
A idéia existe, conversamos sobre isso. Na última edição da KZA vieram me pedir para fazer a "homeless", já que a KZA estava acabando... Isso ficou na minha cabeça; Quem sabe não acontece uma KZA para os HOMELESS????
Interessante.
Boa sorte ao novo projeto, e que ele seja tão ou mais longo quando foi a KZA.
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