21.6.04

MUITA FAMA E POUCA VERDADE

CONEXÃO NY
Paulo Grillo

Muita fama e pouca verdade



No Rio, o circuito da cena passa pelo Dama, 00, Freedom, pelas festas esporádicas... Em Nova York, seu paralelo é um quadrilátero instalado no downtown, entre as ruas 16 e 20. As paradas são os clubs Avalon, Roxy, Heaven e Splash.

Eu fui à Splash neste último fim de semana, meu debut na noite novaiorquina.

A Splash tem o pé direito alto e o bar no meio da entrada da pista. O espaço é super devassado, o que pede uma lotação significativa, senão parece que está vazio. Como no Rio, há queijos, go-gos, gente diferente - mas nada muito diferente, como a fama de Nova York poderia sugerir. São dois andares, sendo o debaixo um bar, chapelaria e banheiro, por sinal, o que há de mais bonito na arquitetura da boate (nao há portas, apenas um portal enorme de cara para as cabines). O primeiro piso comporta a pista e dois bares, com um detalhe: no bar, as pessoas te atendem com a menor quantidade de trajes possível - para estarem peladas falta pouco.

Tudo bem. Agora vem o problema: a fama da vida noturna de Nova York alcança limites míticos e por isso, não sei, a gente carrega uma expectativa imensa. Daí, quando vai ver, tudo parece igual, às vezes até pior que aí no Rio.

Por exemplo, o som. A noite deste último sábado não tem paralelos fortes com uma estampa aí do Rio. Varia entre um 00 sem sal e um Galeria. Nada de divas, nada de batidões ou psicodelia, a opção era um bate estaca meio cru, um `Sweet Dreams` do Eurythmics esporádico, pouco êxtase (não literalmente porque na porta ele é vendido super na cara) e empolgação mediana na pista.

Outro ponto que notei e que até me fez lembrar algo que já li do João Ximenes Braga, no Globo Online. Desde que por aqui foi instalada uma política de tolerância zero contra a criminalidade, há uma legislação muito rígida pesando sobre as casas noturnas. Na prática: o bar da boate fecha às três da manhã e fim de papo. Depois dessa hora já não é mais permitido a venda de álcool em toda a cidade. E de carona: a legislação antibagista. Eu não sabia e fumei uns dois cigarros lá dentro da boate, achando um pouco estranho, pois não via ninguém fumando. Daí um carinha chega e me avisa que eu estava correndo o risco de ser expulso porque não se pode fumar em qualquer ambiente público fechado de Nova York, até mesmo as boates. Então, esqueça: vá acender seu cigarrinho lá fora, nem pense em escutar sua música preferida embalado em um Malboro, porque isso aqui não dá.

Bom, aí tem a questão de que tudo isso junto vai brochando um pouco a noite e o povo sem bebida e sem poder fumar acaba indo embora umas quatro da manhã, no máximo. Os que sobram são aqueles que estão gastando o gás adquirido (como disse, na porta tem um personal drug-dealer), ou os que buscam a pegação que não rolou durante a festa.

Então, pelo que parece, fica explicada em parte a revoada dos gringos para o Rio, todos os elogios que a nossa nightlife recebe e coisa e tal. Claro que essa é uma crítica daquelas meio inocentes, porque a cena de Nova York é enorme, e eu, sou um reles iniciante nessa arte, mas ainda assim fica uma conclusão: nada de carregar complexo de que a noite de Nova York é a melhor, sem discussão, e ponto final.

Pode ser que seja (se for, beleza). Mas se não, que isso não apareça como uma surpresa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente abordagem! Fica claro que, se fosse so por "belezas naturais" as bibas gringas iam se concentrar mais em turismo ecologico no Brasil e menos em fervecao. E a "estranha" relacao cigarro-alcool-ecstazy fica meio relativa... Pode ser meio egoista com quem fuma e bebe mas:
1) Nada melhor do que NAO chegar em casa cheirando a cinzeiro;
2) Nada melhor do que NAO ter que aguentar papo de bebado;
3) Nada melhor do que NAO ser fumante passivo;
4) Nada melhor do que NAO ser "atropelado passivo".

Mas, como se ve, a noite do Rio ainda compensa MUITO!
Gilberto
asgard_rio@hotmail.com

Anônimo disse...

Paulo, concordo com alguém q escreveu antes, dizendo q de repente aquele não era o dia certo. Mas, afinal, vc já está aí há um tempo e deve ter ido com gente q entende do babado. Portanto, essa possibilidade pode se perder um pouco. Agora, o mais impressionante é esse pseudo-conservadorismo americano. Cigarro e bebida não, mas ecstasy tudo bem! Se eles têm medo da fiscalização, não deveriam permitir isso, né? Fala sério. Agora, a night do Rio tb tá uma bosta. Não sei pro circuito gay, mas pro hetero tá sem graaaaaaaça. :)
bjão
Criza