29.7.04

FAHRENHEIT 9/11

CONEXÃO N.Y.
Paulo Grillo

FAHRENHEIT 9/11 NÃO É O QUE SE ESPERA



Uma das coisas que me lembrei quando vi Fahrenheit 9/11 foi minha aula da faculdade sobre documentários. Meu professor dizia: um documentário é aquilo que o diretor decide chamar de documentário. Fahrenheit 9/11 portanto é um documentário. Mas, durante as discussões nessas aulas, uma das coisas que ficou claro para mim é que, ainda que nenhum documentário possa transmitir uma verdade crua, ele precisa ser muito bem apurado na escolha de seus argumentos (ou fatos).

Fahrenheit 9/11 ganhou a Palma de Ouro em Cannes, tem a assinatura de Michael Moore, do inteligentíssimo 'Tiros em Columbine' e é também a primeira obra cinematográfica que trata do ponto mais delicado das questões que hoje envolvem o mundo: o antídoto inventado por Bush para o terrorismo. É um filme que promete levar multidões ao cinema, é a única obra que toca no assunto mais discutido em todo o mundo. Entretanto, a expectativa que o documentário é capaz de gerar é sua maior armadilha e por isso me lembro das minhas aulas da universidade.

O pensamento corrente nos Estados Unidos relacionado à política traz traços de um maniqueísmo medieval. A mídia em grande parte alimenta este tipo de pensamento, porque em vez de discussões sobre idéias, a maioria das manchetes aponta traços da personalidade de Bush ou Kerry, o tipo de vida que levam, quanto tem no banco cada um e se suas mulheres são ou não representantes do clássico estilo 'happy homemaker'. O princípio básico do julgamento dos candidatos aqui se baseia numa idéia que recorda, ainda que sob uma cortina de fumaça, o nazi-fascismo e o culto ao líder.

Lembro-me que pouco tempo atrás, a campanha de Kerry, dizia o New York Post, estava entrando em ruínas por causa do 'escândalo' (aspas do jornal) que foi a polêmica envolvendo o fato de ele ter jogado fora ou não suas medalhas de honra pela guerra do Vietnã. Ou de Bush na ciranda jornalística porque crê na sua missão de propagar os valores morais americanos em sua campanha contra o casamento gay. Não me recordo, entretanto, de uma matéria que apontasse de uma maneira detalhada as idéias dos candidatos para, por exemplo, a reconstrução do Iraque. Tudo se centra no mito em torno da figura do lider - não da máquina que, todos sabem, é, de fato, um governo.

Essa é a mesma linha de pensamento com que Moore nos brinda em Fahrenheit 9/11. Ele nestas duas horas de filme nos apresenta momentos felizes de um ponto de vista, mas parece minguar um jogo que se dá como ganho. E por que? Em grande parte por deixar transparecer que está travando uma batalha pessoal contra George W. Bush, não contra suas ações como presidente.

Não é difícil apontar as incoerências de uma administração ultra-conservadora, que trava uma guerra e dissemina uma perseguição dentro e fora dos Estados Unidos. Por isso me pergunto por que tentar colar a imagem de Bin Laden a de Bush. Não parece muito maniqueísta - primeiro corroborar a ideia de que Bin Laden representa o mal e segundo tentar colar em Bush o mesmo status? Outra pergunta que me faço: como pode um documentário se opor a uma era do culto ao lider, do chamado 'Chief in Comand', e colocar em um pedestal, logo em seus primeiros minutos de filme, o democrata Al Gore?

Além desse princípio - que rende a Moore um pensamento crítico tão restrito quanto o do New York Post (e as medalhas de Kerry) -, há ainda um problema envolvendo sua credibilidade. Dos muitos argumentos que são colocados em dúvida pela imprensa e pela crítica, um é bastante questionado: o de que a Fox News - empresa com fortes conexões com a família de Bush - foi a primeira a tirar a vitória de Al Gore na Flórida, o que teria levado muita gente a desistir de votar por ele.

Michael Moore chama seu filme de documentário, entretanto isso seria mais plausível, se no corte final estivessem somente cenas marcantes como a da mãe que perde seu filho na Guerra do Iraque, ou da piada ácida e inteligentíssima que são os congressistas americanos fugindo de um papel e caneta que poderiam enviar seus filhos ao Iraque. Da obra de arte, de denúncia, que se podia fazer desse documentário, o que se vê é algo muito aquém da expectativa que gera, tanto pela limitação imposta a Moore por seus valores culturais americanos, quanto por sua gana de fazer algo politicamente (o filme foi lançado as vésperas da eleição) para impedir uma possível prorrogação de quatro anos na Era Bush. A gente vê um filme de alguém que quer muito queimar uma outra pessoa. Tanto, que chega às vezes a sair como um tiro pela culatra, como quando alguns republicanos, com razão, diminuem o eco da crítica anti-bush, pela falta de verdade ou de força de seus argumentos.

* * *



Nota da redação:
Fahrenheit 9/11 tem estréia no Brasil dia 30/07.
Assista e deixe seu comentário aqui!

27.7.04

REAL - SÉRIE KING MASTERS

REAL - SÉRIE KING MASTERS
:: Serviço

O groove Real está de volta. A festa que juntou o funk de Marlboro ao electro do DJ carioca Maurício Lopes tem nova edição marcada para 30 de julho, sexta-feira, na Bunker.

A primeira Real, em fevereiro deste ano, lotou a extinta boate The Cube, em Copacabana e mostrou que na Zona Sul o funk também veio pra ficar. A combinação já tinha se mostrada explosiva quando, durante o Tim Festival de 2003, DJ Marlboro fechou a noite da não menos bombástica Peaches, com clássicos do funk Made In Rio.

Depois de botar pra dançar milhares de pessoas nos bailes espalhados pelo Rio por mais de uma década, o funk carioca, enfim, conquistou seu lugar no mundo. As batidas graves foram a estrela maior do festival eletrônico Sónar, na Espanha, e ecoaram bonito no estacionamento da Selfridges, em Londres, durante a mostra "Brasil 40 degress", que reuniu um pouco de tudo que o Brasil tem de bom.

A cachaça brasileira estava lá, assim como a moda feita na Rocinha e o funk do DJ Marlboro.

E já que entre o electro e o funk existem mais semelhanças que diversidades e muitos e muitos fãs por que não repetir a dose? Os produtores da Tosco e Technofriends se unem mais uma vez para produzir esta segunda edição da Real, reafirmando as batidas marcadas de ambos os gêneros como preferidas dos cariocas.

OS DJS:

Marlboro - residente

Na história do funk carioca, Fernando Luís Mattos da Matta, o DJ Marlboro, é protagonista. Foi ele um dos pioneiros do movimento no Rio em 1989, quando abocanhou o primeiro lugar do "Campeonato Brasileiro de DJS". Neste mesmo ano, Marlboro representou o Brasil em Londres, onde foi reconhecido como um dos dez melhores DJS do mundo. Depois de muito chão, bailes e amor ao funk, Marlboro chegou ao festival Summer Stage, em junho de 2003, no Central Park, em Nova York. Foi o primeiro DJ convidado a tocar na história do festival e sua passagem pelos Estados Unidos contou ainda com shows em Nova Jersey, Chicago e Boston. Atualmente, além de comandar inúmeros bailes pelo Rio, Marlboro apresenta o programa Big Mix na rádio FM O DIA, de segunda a sábado, das 16h às 18h.

Maurício Lopes - residente

O DJ e produtor Maurício Lopes começou sua carreira em 1992, quando tocava na noite eletrônica do clube Kitschnet. Desde 97 é residente da festa OOPS!! e já participou de eventos como Skol Beats e Bavaria Vibe, ao lado de grandes nomes da cena eletrônica mundial. Seu estilo é marcado por uma mistura equilibrada de elementos de house, techno e electro. Como produtor desenvolve ao lado do DJ Marcelo Schild o projeto Iron Nipples, que lança seu primeiro single dia 31 de julho pelo selo alemão Müller Records do DJ Frank Muller, mais conhecido como Beroshima. São responsáveis pelos remixes de "Beat Acelerado" e "Sândalo de Dândi", do novo álbum do grupo Metrô. Em parceria com o DJ Memê, Mau Lopes co-produziu a versão electro de "Eu e Você" na coletânea remixes de Tim Maia.

Rafael RM2 - convidado

DJ há 15 anos, Rafael RM2 acompanhou o crescimento da cena eletrônica brasileira quando aos 18 anos começou a tocar no 1o after-hours do Rio de Janeiro, em 95. Já se apresentou nas principais festas e festivais de música eletrônica da cidade. Atualmente é residente do mais tradicional 'club underground' do Rio de Janeiro, a boate Dama de Ferro, em Ipanema. Devido à sua apreciação por diversos estilos eletrônicos e boa técnica de mixagem, RM2 vai do deep e tradicional house ao tech-house, passando pelo eletro-funk e breakbeats. Sempre com uma predominância "funky" em todas as músicas que toca. Esta flexibilidade lhe disponibiliza apresentar-se com Djs de House, Techno e Electro. Há quatro anos RM2 atua como produtor e para o evento de moda "FASHION RIO 2004" produziu seis trilhas sonoras (com Mr. Spacelly e Bruno LT) para os desfiles de novos estilistas idealizado pelo "RIO MODA HYPE". Assinou individualmente a trilha da marca "TOTEM PRAIA", no mesmo evento.




Real - Serviço:

PISTA 1 - ELECTRO + FUNK - REAL
- DJ Rafael RM2
- DJ Maurício Lopes
- DJ Marlboro


PISTA 2 - ROCK - PARANOID ANDROID
- DJ BUBA
- DJ EDUARDO MULDER

PISTA 3 - ELECTRO - E-HEAD
- DJ ZIGGY




Data: 30 de julho, sexta-feira.

Local: Bunker94.
Endereço: R. Raul Pompéia, 94 - Copacabana tel: (21) 2521 0367.

Horário: 23:30 às 7h.

Preços:
Na porta: $10 com flyer
$20 sem flyer
Antecipados limitados = $10 sem flyer

Vendas antecipadas:
Hush Hush - Teixeira de Melo, 43/lj A - Ipanema. Tel: 2523 7500
Animatrix - General San Martin, 697 - Leblon. Tel: 2294 9183
Bazai Tattoo - Conde de Bonfim, 346/ljs 312/313/317 - Tijuca. Tel: 2264-6712.
Bunker94 - Raul Pompéia, 94 - Copacabana. Tel: 2125 0367.

IMPRIMA SEU FLYER AQUI!


20.7.04

ARMAZÉM ELETRÔNICO

ARMAZÉM ELETRÔNICO - música eletrônica no Cais!
:: serviço | promoção (AG)

Drumagick, David Tabalipa, Breno Ung e Cobra fazem parte da primeira edição da festa!

No próximo dia 24 de julho um novo evento aterriza no Armazém do Rio. O Armazém Eletrônico reunirá grandes nomes da música eletrônica. Um evento conceitual que, além de oferecer o melhor do gênero, trará sempre importantes produções de artistas nacionais.

Na noite de estréia o duo paulista Drumagick mostra por que é a nova promessa do drum?n?bass, seguindo os passos de artistas consagrados como Marky, Xerxes e Patife. O Armazém Eletrônico será o ponto de partida para a turnê de lançamento do novo álbum de Drumagick, Checkmate. Do Brasil eles seguem para a Europa e Japão.

Ao lado dos DJ`s Cobra (techno), David Tabalipa (Breaks e Drum and Bass) e Breno Ung (Electro), que se revezam nas pick ups, Drumagick se apresenta pela primeira vez depois do lançamento do novo álbum, revelando os segredos de seu sucesso, que já tem ecos fora do Brasil.

O Armazém Eletrônico aposta na diversificação, com vários estilos do gênero se alternando na pista. Para isso, estarão no comando das pick-ups DJ`s de techno, electro, house, drum`bass, progressive, entre outros, apresentando 10 horas ininterruptas de som.

Além das atrações convidadas, o Armazém Eletrônico conta com o charme do Armazém do Rio, hoje um dos locais mais procurados pelo público jovem antenado com as novas tendências.

DRUMAGICK

Originários da primeira leva de DJs-produtores brasileiros de drum?n?bass, como Xerxes de Oliveira (Xrls Land), Marky, Patife e Ramilson Maia, o duo Drumagick ganhou atenção no exterior em 2002 com sua música ?Easy Boom? (que contém samples da ?Take It Easy My Brother Charly? de Jorge Ben). A faixa foi considerada por muitos DJs da Europa e Estados Unidos como uma das melhores do ano.

Depois do sucesso de seu último álbum, Malandragem, os irmãos Jr Deep e Guilherme Lopes estão de volta em plena forma com Checkmate, seu mais novo álbum.

Famosos mundialmente por sua mescla única de d?n?b e música brasileira, os garotos da Zona Sul de São Paulo vão muito além disso e mostram todas suas influências, experimentos e facetas. Sempre tendo como principal inspiração as diversas vertentes da música negra. Samples alterados, baixos grudentos, timbres diferenciados e batidas inteligentes. Muito Soul, Funk, Jazz e Samba. Em casa ou na pista, Checkmate mantém o groove das batidas quebradas como principal ingrediente.

Desde o início da década de 90 o drum?n?bass vem se firmando na cena eletrônica do Brasil. Depois de um boom por volta de 1994, apenas DJ?s de ponta da cena como Xerxes, Marky, Andy, Patife continuaram apostando no movimento. Anos mais tarde, já no final da década, o drum?n?bass passou a ser uma das principais formas de expressão da música eletrônica mundial. Hoje, conquistado o tão merecido e esperado espaço na mídia, o país se destaca na produção dentro do gênero, exportando suas batidas fascinantes, misturas, groove e, principalmente, talentos made in brazil.

Os irmãos acompanharam o movimento e desde 1996 trabalham no projeto Drumagick, cujo resultado é a fusão de sonoridades da ponte Brasil-Europa-Estados Unidos, tendo como marca o estilo urbano típico de uma metrópole cosmopolita como São Paulo. A sede de informação e o amadurecimento da dupla desde o lançamento de seu primeiro álbum em 2000, confirma definitivamente Checkmate como um dos melhores álbuns da cultura DJ brasileira e consagra Drumagick como um dos mais promissores talentos musicais da nova geração.



Programação/ Line-up:

David Tabalipa
Drumagick
Breno Ung
Cobra

Serviço:
Armazém Eletrônico
Armazém do Rio - Armazém 5, Av Rodrigues Alves s/n ? Cais do Porto

300 entradas a 15 reais com direito a 6 cervejas (antecipado)
Entradas a 20 reais com direto a 6 cervejas (antecipado)
Entradas a 20 reais com direito a 2 cervejas (antecipado)
Na hora 40 reais, 20 reais ? sem cerveja ? com filipeta

Pontos de venda:

U2 ? Rio Sul/ Barra Shopping
Royal Tatoo - Copacabana
+ que demais ? Shopping Tijuca (quiosque)
Lojas Select: Posto Sao Bento, Icaraí / Posto Hípica, Jardim Botânico, 568

PROMOÇÃO

Envie um email para promo@cenacarioca.com.br com: nome completo, RG, idade e uma frase dizendo porque o Armazém (Cais do Porto) é um dos lugares mais bacanas da cidade. A promoção vai até quinta! Serão sorteados 10 convites!

4.7.04

PARADA GAY NY: HORA H

CONEXÃO N.Y.
Paulo Grillo

PARADA DO ORGULHO GAY: A HORA H.



Uma revolução acontece em Nova York e dentro de pouco tempo o mundo não será mais o mesmo. É questão de poucos anos a instituição legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos e o efeito disso vai ser uma onda de ânimo nos demais países onde os gays hoje pensam e fazem muito pouco pelos seus direitos.

Uma estrutura forte e desenvolvida é a principal característica que apresenta esse grupo social nos Estados Unidos em relação ao mesmo grupo no Brasil, por exemplo. Aqui, os gays detêm uma espécie de `mini-estado` em função dos interesses que, até ontem queria chegar no fim do estigma que a homossexualidade é uma doença, e que hoje vai muito além: disputa com unhas e dentes o direito legal de os gays receberem o mesmo benefício a que têm direito os héteros. Uma imprensa especializada é uma das armas com que batalham os gays por aqui. A revista `The Advocate`, por exemplo, é a bíblia do ponto de vista daquilo que todo gay precisa saber a respeito do que já foi conquistado político e culturalmente pela `classe` e quanto ainda falta para se chegar a uma total paridade com os héteros. Desde inimigos no Congresso americano, até os bons efeitos do show de TV 'Queer Eye for The Straight Guy' no cinturão bíblico do meio-oeste americano, a revista é o exemplo do avanço da estrutura que dispõem os gays americanos para defender seus interesses; sem paralelos com o Brasil, que ainda engatinha na formação de mídia especializada no assunto e cujo maior ícone ainda é a G Magazine.

Algumas tentativas desse mercado no nosso país avançam pouco, sendo sua maior representatividade os sites da internet - sendo o Mix Brasil o top da linha. Mas isso é pequeno se comparado à infinidade de jornais e revistas que abordam as questões gays por aqui, como a Metro, ou o Village Voice.

O ponto que parece fazer surtir a diferença entre a organização dos dois grupos, no Brasil e Estados Unidos, é que aqui há uma disponibilidade de dinheiro muito maior voltada para o que venha ser pró-gay. Investimentos que se revertem em lucro, e não só material, mas ideológico. "Queer Eye for The Straight Guy" foi uma das grandes vitórias da comunidade gay dos EUA no ano passado porque foi um espetáculo em termos de audiência. Esse fato representa diretamente o reconhecimento dos gays como parte da cultura americana, assim como a família tradicional, assim como os hamburgueres. Não é à toa que na refilmagem de "The Stepford Wives" (um blockbuster por aqui) foi incluído um casal gay, na fábula da pequena urbe tradicionalmente americana, assim como tantos 'Will & Grace' e derivados estão por aqui.

Essa presença no cenário cultural é fruto do investimento dos, por assim dizer, mecenas gays, que gastam rios de dinheiro - que têm de sobra - em produtos que levam sua bandeira. E já sabem disso várias empresas americanas, como a Budweiser, por exemplo, que aplica dentro de sua companhia uma política de igualdade no tratamento e benefícios entre seus funcionários gays e héteros; as chamadas 'Gay Friendly Companies', com o objetivo de o consumidor pensar nisso ao comprar um produto. É uma troca justa e que parece funcionar, se levarmos em conta a maciça campanha que fazem os veículos especializados a favor das Gay Friendly.

Há inúmeros fatores que em conjunto fazem pressão suficiente e, mais importante, constante para que o barulho não cesse na porta dos ultra-conservadores. Que tal pensarmos, por exemplo, que aqui no verão passado foi eleito para a Igreja Episcopal Americana o primeiro bispo assumidamente gay; que o musical Hairspray - com um time de escritores gays - levou o Tony (e de quebra houve beijinhos ao vivo na TV, na entrega do prêmio); que as leis de sodomia aplicadas aos homossexuais foram derrubadas no estado do Texas com uma crítica tão forte dos legisladores que o casamento gay foi dado como a próxima conquista da lista?

Na Parada Gay de Nova York, no último domingo, entre um festeiro e outro, estava um representante dos Direitos Humanos colhendo fundos e distribuindo adesivos e pins com o objetivo de impedir que um projeto de lei do presidente Bush seja aprovado no Congresso, tornando ilegais mais de mil direitos adquiridos pelos gays nos EUA, entre eles o direito de visita aos parceiros, quando hospitalizados, e adoção de criancas por casais do mesmo sexo.

Diferentemente do Brasil, o cenário montado para uma pressão suficientemente forte com o objetivo de mudar a lei em âmbito federal (pois em Massachussets os gays já se casam) é exponencialmente mais favorável por aqui, porque, como vimos, não se fala de uma campanha pequena, uma vez ao ano, que perde os holofotes para as demais campanhas pequenas, que, no fim, malogram. Uma revolução acontece nos Estados Unidos e, aqui em Nova York, sua expressão dá essa certeza: para os gays daqui, essa é a hora h!