: entrevista - Por Dado Marietti
Ele introduziu a cultura House na França, é produtor de uma das label parties mais famosas no mundo - FUCK ME I?M FAMOUS -, seus sets têm empolgado as pessoas ao redor do globo e ele ainda acumula hits como "Just A Little More Love" e "The World Is Mine" . De quebra ele faz um pit-stop rápido no Rio de Janeiro e nos dá essa entrevista exclusiva, feita por Dado Marietti ontem, no Bar D'Hotel, no Leblon.

DM: Quando você escuta a palavra "Broad", o que te vem à cabeça?
DG: Broad... Nossa, foi o primeiro lugar que eu toquei. Era um clube gay, e eu me lembro de como eu tinha uma idéia de querer ser muito profissional. Eu estava começando, tudo era novo. Lembro de uns discos que eu tocava, que até hoje são especiais pra mim. Em uma palavra: emocionante.
DM: Você foi o primeiro DJ a tocar House na França. Como você conheceu a House Music?
DG: Quando eu comecei a tocar, isso foi em 88, a House Music não existia na França mesmo. Por tocar no Broad, eu estava em contato com o que rolava no mundo todo, e todo mundo me falava de um lugar chamado Warehouse (Warehouse, em Chicago, foi onde surgiu o House, tanto que o estilo tem esse nome em homenagem ao clube), que eu acabei indo conhecer, e me apaixonei pelo o que eles tocavam lá. Depois fui pra Londres, num lugar chamado Heaven, e nesse meio tempo eu fui comprando todos os discos que tocavam nesses lugares. Foi assim que começou.
DM: Com o seu primeiro album, "Just A Little More Love", você vendeu mais de 250 mil cópias e virou um artista reconhecido mundialmente. Como isso te afetou?
DG: Como pessoa, não me afetou em nada, mas profissionalmente as coisas só melhoraram. Eu já era conhecido na França, mas agora realmente virou uma coisa mundial. Isso me deu a oportunidade de tocar em vários lugares que eu não tocava antes, e ainda me pagam muito bem pra isso (rs). E por eu trabalhar com isso há bastante tempo, o meio não me sobe a cabeça. Eu acho que a minha relação com a fama é bem saudável.
DM: Em 2001, você voltou a produzir músicas. O que te levou a mudar novamente o rumo da sua carreira?
DG: Eu tocava, promovia festas, gerenciava e era dono de clube. Sucesso? Tinha. Mas isso tudo me tirava muita energia. Às vezes eu estava tocando, ai vinham na cabine, "David, tem problema na porta", "David, problema no bar". Eu não tinha tranquilidade. E eu só conseguia tocar uma vez por mês, por total falta de tempo. E quer saber, mesmo com muito sucesso, você pode ficar de saco cheio. Minha paixão era a música, e eu não queria mais fazer aquilo. Ai eu me prometi que ia começar a tirar as segundas-feiras de folga, para voltar a produzir. Depois de duas semanas, eu percebi que isso me dava muito mais prazer, então reestabeleci as prioridades, sendo produzir músicas a primeira delas.
DM: O que você está produzindo agora?
DG: Eu acabei de fazer um remix pro Eurythmics, que acabaram de voltar, a música se chama I've Got A Life. Também produzi uma pro Joachim Garraud, meu parceiro musical, e estou começando a trabalhar no meu terceiro álbum.
DM: Com 14 anos você começou a produzir festas pros seus amigos no seu porão. Hoje em dia você produz uma das label parties mais famosas do mundo, a F*** ME I?M FAMOUS. Qual o conceito dessa festa?
DG: A festa F*** ME I'M FAMOUS começou em Ibiza, e agora ela rola em Londres, Nova Iorque, Miami e Paris, claro. O conceito, quanto ao som, são praticamente apenas DJs franceses, mas não é só o som que importa, mas também as pessoas, a mistura das pessoas. Celebridades, VIPs, os hypes, os clubbers, os comuns, todo mundo curtindo junto. Normalmente você tem as festas VIPs, que sempre tem um som ruim, tudo muito comercial, ou você tem as festas underground, de raiz mesmo. F*** ME I'M FAMOUS é um mistura disso, do underground, dos clubbers, dos comuns com os hypes e os famosos.
DM: Você já tocou em lugares que são o sonho de qualquer DJ. De todos, quais os 3 melhores pra você?
DG: Londres, por causa da cultura musical. Eles realmente vivem a cena e sabem tudo dela, é incrível. Barcelona, porque todos são meio loucos, e tem aquela cultura de se vestir muito bem, que eu adoro. E Ibiza, que é uma mistura dos dois, porque une cultura espanhola com a do Reino Unido.
DM: Você tocou recentemente em Curitiba, como foi?
DG: Foi ótimo tocar lá. O público brasileiro é muito bom, tem uma energia muito boa. Uma das coisas que eu mais reparei foi a diferença de atitude das mulheres européias para as brasileiras. As européias, quando são bonitas, elas ficam paradas como se fossem flores, e aqui não, elas dançam, se divertem. Eu adorei isso.
DM: E quanto ao Brasil, qual foi sua impressão?
DG: Eu fiquei impressionado com o Brasil. A divulgação do turismo brasileiro na Europa nos deu uma idéia completamente errada do país. Eu esperava apenas pessoas negras e samba o tempo todo, porque é isso que é mostrado pra gente. Tanto que quando cheguei em São Paulo e entrei na van, eu tomei um susto porque a rádio estava tocando um pop-chiclete dos anos 80, e não samba. Eu fiquei realmente chocado em como passam uma imagem diferente do país. Também fiquei surpreso com a cena eletrônica aqui, que é bem interessante. Eu adorei o Brasil.
DM: As pessoas aqui no Rio estão sabendo que você está na cidade, e estão rolando uns comentários sobre alguma festa private, em que a gente poderia escutar um pouco do seu som. Vai rolar?
DG: Infelizmente não, eu até estava animado mas anteciparam minha viagem e amanhã (quinta-feira, dia 10/11) eu vou pro Chile logo depois do almoço. Mas eu quero voltar em breve. Queria muito poder vir para o Carnaval, minha mulher quer muito conhecer o Brasil, e ela tem um fascínio em querer conhecer o carnaval brasileiro. O único problema são os compromissos profissionais, estou sem data até outubro de 2006, mas eu vou tentar dar um jeito, prometo.
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