23.2.06

ENTREVISTA - DEEP DISH

DEEP DISH
Por Dado Marietti
:: entrevista



Considerada a melhor dupla de DJs e produtores de dance music do momento, Ali Shirazinia e Sharan Tayebi começaram sua caminhada de sucesso em 1998, com o primeiro álbum "Junk Science". Em 2003 venceram o prêmio de "melhor set" no Ibiza DJ Awards. Mandando bem tanto nas pickups quanto no estúdio, o Deep Dish já remixou sucessos de grandes artistas como Rollings Stones, Pet Shop Boys, Digo e Madonna. A dupla tem um Grammy na prateleira e coleciona algumas indicações; Esse ano concorreram com a música "Say Hello", um grande sucesso nas pistas em 2005. Pra citar as conquistas mais recentes, no ano passado saíram da WMC, em Miami, como Melhores DJs dos EUA e donos da melhor compilação do ano. A dupla se apresenta no Rio pela segunda vez, nesse carnaval (a primeira foi há muito tempo, no Factoria, reduto undeground que ajudou a dar impulso na cena carioca.). Com vocês... Deep Dish!





DM: Vocês moram em Washington. Como é a cena eletrônica por ai? E eu sei que vocês têm um compromisso com a cidade, o que seria exatamente?

DD: Washington tem uma vida noturna um tanto quanto intensa. Mas é mais baseada em lounges e coisas do tipo do que em clubes. Mas tem coisas bem legais por aqui. E o compromisso é colocar a cidade no mapa da música eletrônica. Washington tem muito que oferecer para a cena eletrônica.


DM: O som do Deep Dish está sempre mudando, então não tem como colocar ou definir em um estilo ou categoria. Vocês têm alguma preocupação em não se repetir?

DD: A gente nunca quer se repetir. Sempre buscamos os desafios, as novidades, o que é novo. É engraçado, porque as pessoas ficam tentando adivinhar como será nosso próximo remix, nosso próximo trabalho, como se fossemos uma incógnita. Talvez até sejamos isso mesmo, porque nós não nos limitamos a nada, então tudo pode acontecer.


DM: Quando vocês trabalharam no remix de "Pop", do 'NSYNC, vocês tiveram problemas com o timing. Como vocês resolveram isso e que diferenças isso teve no seu trabalho?

DD: Quando fomos trabalhar no remix de ?POP?, os problemas com o timing ficaram tão complicados que a gente não conseguia terminar o remix. Conversamos com um grande amigo nosso, que é um gênio das novas tecnologias, e mudamos tudo para o Audio Realm. Agora trabalharíamos e iríamos mixar tudo direto no computador. Nós fomos contra isso por um bom tempo, mas foram tantos problemas com o slips do timing que fomos forçados a ceder. E desde então, nunca mais olhamos atrás. Rs.


DM: Deep Dish ganhou um Grammy pelo remix de "Thank You", da Dido. O prêmio Grammy possibilita uma visão mundial não apenas para o mainstream da cultura eletrônica, mas principalmente para o mainstream em geral. Qual a repercussão desse tipo de prêmio no trabalho de vocês?

DD: Ganhar um Grammy te dá uma credibilidade aos olhos do mainstream, o que é ótimo. Nós, artistas de música eletrônica, estamos rompendo barreiras, inovando. E não tem muito dinheiro envolvido nisso tudo. É muito mais por acreditarmos no que fazemos mesmo. Então ter um prêmio como o Grammy reconhecendo a música eletrônica, serve para inspirar as pessoas a se envolverem com a cena.


DM: No ano passado, a policia britânica matou um brasileiro sem motivo algum, logo após o atentando ao metrô de Londres. Junto desse fato, problemas raciais e com os imigrantes emergiram na França. Além disso, a pobreza de Nova Orleans, e de várias partes dos Estados Unidos foram mostradas para o mundo. É notável que existam vários problemas relacionados ao preconceito nos EUA, e que pioraram depois do 11 de setembro. Como iranianos, vocês sofrem algum tipo de preconceito? E por estarem numa posição privilegiada, vocês participam de algum movimento político-econômico?

DD: Já fomos sujeitos à discriminação algumas vezes. Não tem sido fácil para qualquer minoria, em qualquer lugar. Mas nós tentamos navegar por essas questões, tentamos ficar focados. E ao fazer as nossas coisas, tentamos ser o mais bem sucedido possível, o mais responsável possível. E a gente não se envolve com política. É uma rede muito difícil de navegar. Não tem certo ou errado. São várias situações contraditórias, absurdas. E não existem soluções rápidas e fáceis. No final temos que escolher entre o melhor de duas coisas ruins.


DM: O Deep Dish alcançou sucesso no mainstream e respeito no underground nos últimos 14 anos. Diga-me uma experiência marcante no circuito mainstream e uma marcante no underground.

DD: No mainstream seriam os trabalhos com Madonna e com o Puff Daddy [ou Diddy]. E no underground seriam as apresentações que nós fazemos de vez em quando em pequenos clubes, para até 100 pessoas. Isso nos lembra de como começamos. Você sente a energia de cada um ali presente, sem grandes palcos, sem distância com o público. É uma ótima sensação.


DM: Além de Madonna e Puff Daddy , vocês também já trabalharam com os Rolling Stones, Sade, Janet Jackson, Sven Väth, Depeche Mode, David Guetta, entre outros. Existe ainda alguém por quem vocês são loucos para trabalhar com?

DD: Nós somos loucos para fazer alguma coisa com a Björk e com o U2.



DM: Vocês terão um dia livre no Rio. Vocês pretendem sair para conhecer a noite carioca?

DD: De dia queríamos aproveitar para conhecer melhor a cidade, até porque tem anos que fomos ao Brasil. E se tivermos tempo à noite, sem duvida vamos querer sair e conhecer a noite carioca.

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